Em evento com barões da mídia, Moro critica direito de resposta
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, garantiu aplausos efusivos de uma plateia cativa de executivos das maiores editoras de revistas impressas no Brasil, ao criticar a nova lei de direito de resposta.
Publicado 24/11/2015 16:11
Moro foi um dos palestrantes do Fórum Aner de Revistas, promovido pela Associação Nacional de Editores de Revistas nesta segunda-feira (23). Segundo reportagem do jornalista Lino Bocchini, da CartaCapital, Moro disse que a lei de direito de resposta é “muito vaga” e pode ser usada como “instrumento de censura”.
Na palestra Moro defendeu a divulgação de todas as informações referentes a grandes processos como a Lava Jato. De fato, a divulgação dos processos segue uma determinação da lei respeitando o princípio da publicidade. No entanto, a defesa de Moro não veio acompanhada de ressalva sobre a manipulação das informações contidas nos processos, como verificado na maioria das vezes.
A explicação veio na declaração seguinte de Moro, que destacou que a “ação penal 470” foi um “exemplo” de como a cobertura da imprensa tem ajudado, segundo ele, para “o avanço das investigações”.
Ele justifica dizendo que “nos processos envolvendo figuras poderosas, o juiz precisa de apoio da opinião pública”, o que é salutar, se não tivéssemos uma opinião pública contaminada e que representa seus próprios interesses e de seus financiadores.
Sobre as críticas de vazamento seletivo das informações da Lava Jato e a interferência no processo eleitoral, Moro disse que “no período eleitoral mais se justifica a divulgação de determinadas informações”. Pelo que se vê, Moro concorda, por exemplo, com a publicação criminosa feita pela revista Veja, às vésperas do segundo turno, em que a publicação utilizou ilações, factoides e mentiras contra Dilma e Lula, que depois foi alvo da Justiça, sendo obrigada a publicar o direito de resposta em seu site.
Contudo, Moro afirma que os problemas são outros. Segundo ele, temos uma “corrupção sistêmica, profunda e penetrante” no Brasil e “o nível de degradação da coisa pública é impressionante”.
Não se fez de rogado ao elogiar as manifestações realizadas no início de 2015, que defendia o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff. Moro disse ainda que não houve respostas do “governo” nem do “Congresso” quanto às reivindicações contra a corrupção. “Pela quarta vez em menos de uma hora Sergio Moro elogia as manifestações ‘contra a corrupção’ e lamenta que elas ‘não foram suficientes’”, relatou o jornalista por meio do Twitter.
Como era de se esperar, Moro foi calorosamente aplaudido e de pé pelos executivos. Em seguida foi entrevistado, ainda no palco, por Frederic Kachar, diretor-geral do Infoglobo e da editora Globo, que defendeu a “via de mão dupla”: “a Justiça ajuda jornalistas com informações e os jornalistas ajudam a Justiça com suas publicações”.