Frente realiza ato em apoio às ocupações nas escolas paulistas

Diversos movimentos sociais, reunidos na Frente Povo Sem Medo, realizaram nesta quinta-feira (26) caminhada até a sede da Secretaria de Estado de Educação, no centro de São Paulo, e protocolaram uma carta com as reivindicações do movimento estudantil. O alvo dos protestos é o projeto de reorganização escolar do governo Alckmin (PSDB).

Por Railídia Carvalho

Ato Povo sem medo apoio às ocupações - Frente Povo Sem Medo

De acordo com levantamento divulgado também nesta quinta pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 191 escolas estaduais estão ocupadas por estudantes em repúdio ao projeto de reorganização que prevê o fechamento de 92 escolas no Estado.

Josué Rocha, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirmou que a luta dos estudantes de São Paulo é histórica.

“A Frente Povo Sem Medo está incorporada à luta dos estudantes. É necessário que toda a sociedade esteja mobilizada e apoiando o movimento”, afirmou.

Na tarde de quarta-feira (25) em ato no dia Internacional pela eliminação da violência contra a mulher, movimentos de mulheres também se posicionaram em apoio às ocupações.

Para Tássia Almeida, do movimento RUA Juventude Anticapitalista, as ocupações trouxeram o debate sobre educação em São Paulo para o centro das atenções.

“Depois de toda a movimentação há uma percepção geral da centralidade da escola como espaço da comunidade, espaço de socialização”, concluiu Tássia.

Abalo na hegemonia tucana

“Enquanto a gente tá conversando aqui uma escola pode estar sendo ocupada. É um movimento que se potencializou”, lembrou Camila Lanes, presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), que acompanhou o ato e também protocolou a carta com as demais entidades.

Segundo ela, o movimento dos
estudantes é uma resposta aos 23 anos em que a população de São Paulo vem amargando a falta de política pública.

“(o governador) Alckmin mexeu com água, mexeu com o metrô, é acusado de envolvimento em corrupção e nada disso colocou a governabilidade dele em xeque. Agora isso está acontecendo depois do movimento dos estudantes”, comparou Camila.

Angela Meyer, presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), disse que o sentimento de “manter as escolas vivas” fez o movimento dos estudantes ganhar proporção inédita. “Começou nas escolas e se espalhou entre a população, ganhou apoio popular”, avaliou.

Caetano de Campos

Na escola estadual Caetano de Campos na Consolação aconteceu nesta quinta uma reunião entre pais, professores e representantes da secretaria de educação. Os pais que foram a escola puderam passear pelas dependências do equipamento e ver como os estudantes estão zelando pelo prédio e realizando saraus e atividades de formação.

Também nesta quinta a Caetano de Campos receberá a pré-estreia do filme Osvaldão, líder comunista temido pela ditadura militar e um dos combatentes da Guerrilha do Araguaia, movimento que ocorreu no início dos anos 70 no sul do Pará.