Operação Condor:Ato dos trabalhadores pede punição a repressores

João Felício, dirigente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI) disse durante o ato, realizado na quinta (26), que a punição a agentes que participaram da operação no Brasil é uma forma de consolidar a democracia. O ato também recebeu Martin Almada, responsável pela descoberta de arquivos que comprovaram a existência da operação.

Ato público 40 anos da Operação Côndor - CUT

Entre os países latino-americanos que passaram por ditaduras a Argentina é o que mais condenou militares e civis envolvidos em prisões, desaparecimentos, morte e tortura. O ex-presidente Néstor Kirchner criou as condições para novos julgamentos de militares. Em 2010, Cristina Kirchner ordenou, através de decreto, a abertura dos arquivos sobre a atuação das Forças Armadas durante a ditadura.

“A democracia nos países da América do Sul ainda é muito jovem. Para consolidar é preciso relembrar e punir aqueles que atentaram contra os direitos humanos para evitar que isso volte a acontecer. Nesse ponto a Argentina é exemplar”, afirmou João Felício. Ele lembrou os atos que aconteceram no Brasil recentemente com intervenções de alguns grupos pedindo a volta da ditadura.

O dirigente sindical falou sobre a importância de o tema estar na pauta sindical. “Temos uma responsabilidade muito grande, não é a de fazer a sala de aula um espaço de discurso político partidário, mas transformá-la num espaço de debates dos problemas sociais para fazer uma conexão entre o passado, presente e futuro”, afirmou.

“Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai sofreram com a brutalidade da Operação Condor, que foi uma conspiração contra a soberania e a democracia. Das vítimas, 60% a 70% eram dirigentes sindicais, estudantes, jornalistas, camponeses, artistas, intelectuais e militantes constitucionalistas. Por isso estamos órfãos de lideranças”, declarou Almada, bastante emocionado.

Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e ex-ministro de Direitos Humanos do governo Lula, ressaltou que é preciso retirar os nomes de pessoas que contribuíram com a ditadura das escolas e avenidas.

“Não pode ter uma universidade chamada Bandeirantes, uma rodovia chamada Bandeirantes, Anhanguera, Raposo Tavares. É preciso batizar com nomes de Sepé Tiaraju e Zumbi, e nós não conseguimos fazer isso e os nossos antecessores não tinham força política para fazê-lo, mas hoje temos”, disse Vannucchi.

Na cidade de São Paulo a Lei número 15.717/2013, de autoria dos vereadores do PCdoB Jamil Murad e Orlando Silva, possibilita que ruas, praças, avenidas e logradouros possam ganhar nova denominação em caso de homenagem a violadores dos direitos humanos.

Documentos sobre a operação Condor no Brasil podem ser encontradas no site da Comissão Nacional da Verdade .