Ocupações: Estudantes são, mais uma vez, reprimidos pela PM

Aproximadamente 15 mil pessoas participaram da manifestação realizada nesta quarta (9), em São Paulo, pelo fim da reorganização escolar do governo Geraldo Alckmin. Um ato pacífico foi marcado, mais uma vez, pela ação violenta da PM contra os manifestantes, na região central. O grau de violência causou indignação em quem presenciou as cenas de brutalidade que foram relatadas nas redes sociais.

Estudantes agredidos pela PM ato ocupações de escolas 9 de dez 2015 - Rede Brasil Atual

Um dos relatos é de Aline Sasahara que contou que o filho de 14 anos, que estava na dispersão da manifestação com mais três jovens, foi cercado pela PM e espancado.

“A PM pegou o Joca, eram muitos, e desceram o cassetete, chutes, xingando, humilhando, pegaram pelo pescoço, arrastaram, ameaçaram, mandaram correr, pegaram de novo… Ele está bem. Cheio de marcas pelo corpo, sem sapatos, quis dormir no colégio ocupado, com os companheiros”.

O produtor Eugênio Lima, um dos diretores do coletivo de teatro e hip hop, Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, fez um relato indignado nas redes sociais sobre um espancamento que ele e alunos que assistiam a uma aula no teatro de Arena Eugênio Kusnet presenciaram.

“Foi uma agressão pura, brutal, e feita de maneira covarde”, classificou Eugênio.“Os três jovens adolescentes estavam gritando palavras de ordem, de repente ouvimos muitas sirenes. E eu vi um policial com a motocicleta empurrar um jovem desarmado, sem camisa em cima das grades do banco em frente ao teatro”, relatou.

Eugênio informou que 4 motos invadiram o hall do teatro, depois os policiais arrancaram os 2 jovens que estavam procurando abrigo dentro da bilheteria e espancaram um deles com socos. 

Ele criticou a cobertura da imprensa que definiu a ação como choque entre manifestantes e a polícia como se fosse resultado da violência de ambas as partes. Declarações publicadas na imprensa atribuídas ao comandante da operação, Luiz Claudio dos Santos, demonstram que a PM supunha a presença de black blocs.

“Não, Não e Não. Os garotos não eram black blocs. Os garotos estavam andando e as motos foram atrás deles”, contou Eugênio. E completou: “Depois fiquei pensando sobre o que justifica, um oficial de segurança do estado, com arma, moto, estando em maioria, espancar um garoto aos socos, por que ele o chamou de facista”.

O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe SP), Rildo Marques de Oliveira esteve no ato e afirmou nas redes sociais que vai “representar os policiais”.

“Agora a pouco estudante detido por 15 policiais militares e na qualidade de presidente do Condepe de São Paulo fui impedido pelos policiais de saber o nome deste garoto e sequer informaram pra onde estavam levando demonstrando que o poder militar não respeita a lei e assume desrespeitos a outras autoridades”, contou Rildo.

Nesta quarta, antes da manifestação, o Condepe SP havia acionado o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) para uma reunião no dia 16 que tratará das denúncias de abusos contra estudantes nas ocupações e nas manifestações de rua.

Na ocasião, Rildo deu a seguinte declaração: "Os estudantes também devem ir ao encontro para relatar a situação deste estado policial, desse poder da Polícia Militar que está extrapolando diversas fronteiras”, disse.