Paralisação na indústria naval resulta em 3 mil demissões no RJ

Pelo segundo dia consecutivo os trabalhadores do estaleiro Eisa, na Ilha do Governador (RJ), realizaram manifestações na tentativa de reverter a demissão de 3 mil empregados. Nesta terça (15) eles fizeram protestos em frente ao prédio da Sinergy, grupo que controla o estaleiro. Os atos continuam nesta quarta (16).

Por Railídia Carvalho

Metalurgicos do Rio contra demissões no estaleiro Eisa - Redes sociais Sindimetal

Na segunda (14), os funcionários do estaleiro foram surpreendidos com comunicado da empresa informando a necessidade de realizar corte de pessoal.

A justificativa divulgada é a crise econômica brasileira, aprofundada pelas investigações da Lava Jato, que, de acordo com o comunicado, paralisaram as atividades do segmento.


Em um mês e meio foram demitidos 3 mil e 750 funcionários do Eisa como soldadores, maçariqueiros, montadores e caldeireiros, entre outras especializações.

Em junho deste ano o estaleiro Eisa havia demitido cerca de 2 mil funcionários do grupo em Niterói. O estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, demitiu em novembro 500 funcionários e há previsão para mais 1.500 demissões até o final de dezembro.

No encontro desta terça entre representantes de centrais e os ministros do Trabalho e Previdência, Miguel Rosseto, e Armando Monteiro Neto, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em Brasília, o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, pediu providências sobre as demissões nos estaleiros.

Crise Política

Para o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Rio de Janeiro, Ronaldo Leite, as demissões no setor naval são fruto da crise política fabricada no Brasil.

“O estaleiro Eisa tinha encomendas mas a partir dos vazamentos seletivos da operação Lava Jato a Petrobras paralisou o pagamento das encomendas”, avaliou Ronaldo.

Na opinião do sindicalista, o Brasil precisa superar a crise política que tem gerado mais danos do que a crise econômica por si só.

Jesus Cardoso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-RJ), informou que a justificativa do estaleiro pela ausência de encomendas das montadoras é porque estas empresas não podem fazer empréstimos.

Um dos alvos dos protestos dos metalúrgicos nesta terça foi a sede de uma das montadoras que fica no Rio de Janeiro, a Brasil Supply.

No mesmo dia foram realizadas manifestações no guichê da Avianca, no aeroporto do galeão. A avianca é de propriedade do grupo Sinergy.

Direitos

Os trabalhadores da Ilha do Governador não foram informados pela empresa sobre quando receberão as rescisões. Eles esperam que os salários que serão pagos incorporem o reajuste de 9,8%, fechado na semana passada.

De acordo com informações de Jesus apenas os trabalhadores que ganham até 3 mil reais  receberam a primeira parcela do 13º.

“O caminho agora é a mobilização permanente dos trabalhadores para sensibilizar as montadoras a adquirirem recursos e pagarem os direitos dos empregados”, afirmou.

Com a assessoria do gabinete da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) os metalúrgicos estão realizando encontros para encontrar uma saída de curto prazo para as demissões, incluindo encontros com ministros em Brasília.