Espanha: Unidad Popular; o voto à alternativa de verdade

Ninguém, a esta altura, pode duvidar da importância desta campanha eleitoral na Espanha, nem de que o sistema bipartidárias monárquico tal como o conhecemos tenha sido superado. Tampouco da necessidade de construir uma alternativa a favor da maioria social e das classes populares, que são as que estão sofrendo as consequências das políticas que, ao ditado pela troica, foram aplicadas pelos distintos governos desde que se iniciou essa crise.

Por Ginés Fernández González, no Mundo Obrero

Cartaz da Unidad Popular na Espanha

Como foi mencionado, o regime bipartidarista que conhecemos até ontem foi superado, mudando para um duplo bipartidarismo monárquico geral, o que é mesmo uma nova forma do sistema dentro do regime monárquico de 1978. Os partidos que aceitaram esta nova versão da restauração espanhola de fins do século 19 se movem dentro dos parâmetros estabelecidos com uma nova linguagem, que não questiona os princípios de um regime que queremos mudar, que queremos transformar e com o qual queremos romper.

Um sistema no qual os partidos "emergentes" têm como característica fundamental, por um lado, vender a velha proposta neoliberal travestida de modernidade, como é o caso do Ciudadanos (Cidadãos) e, por outro, quem reclamando de suas origens dentro do movimento 15 de Março (Movimento semelhante ao Occupy New York e que ocupou parte do centro de Madri em 2012), começam a se sentir cômodos no novo sistema, abandonando o discurso e as propostas iniciais, suas proclamadas origens, acomodando-se por meio do show-político e que agora se veem no centro dos holofotes, como é o caso do Podemos.

Assim, as coisas, o Unidade Popular – Esquerda Unida é, nesta campanha, a única formação que tem uma proposta transformadora e rupturista. Alberto Garzón e o resto de candidatos possuem um discurso claro e nítido de esquerda, alternativo ao espetáculo à americana da política que estamos vivendo nesta campanha.

O UP-IU é a proposta unitária e confluente da maioria social e das classes populares que se apresenta neste eleições, para uma mudança "de verdade", e na qual estão os que quiseram trabalhar por um novo país para o povo e com o povo. Um projeto no qual estão os que mantêm a coerência de terem aprendido as lições do 15 de Março, das Marchas da Dignidade, dos setores e das empresas em crise, das plataformas antidespejos, dos coletivos que lutam pelos direitos e liberdades que foram cortados, tanto pelo PSOE como pelo PP, dos que aprenderam que o que existe hoje é insuficiente e que precisamos construir algo novo.

Na Unidad Popular – Izquierda Unida estão os que levantam a bandeira de "Não à Otan", Não à Guerra", os que defendem a propriedade pública e a nacionalização dos setores estratégicos da economia, os que defendem a livre escolha sobre seu corpo pelas mulheres e a 3ª República.

Um projeto coerente com as reivindicações dos movimentos sociais e com a história da melhor tradição da luta operária e da esquerda, que não renega da história aqueles que lutaram pela liberdade nos tempos obscuros do franquismo e nos tempos difíceis de nossa história recente. Levamos o exemplo de tantos militantes comunistas, assim como anônimos, que perderam a vida em defesa de um projeto emancipador da humanidade.

Nós, comunistas, colocamos em marcha um processo de longo alcance e de amplo espectro pela ruptura democrática, sabemos que um trabalho deste tamanho não é possível de ser terminado em 20 de dezembro, à medida que é uma tarefa árdua e ampla, na qual a maioria social e a classe trabalhadora devem ter um papel preponderante, mas podemos colocar os alicerces deste trabalho e estamos conscientes da sua importância.

O trabalho da UP-IU é obter o máximo de apoio à nossa proposta, que é a única candidatura que rompe com o sistema atual, que propõe uma nova constituinte e o estabelecimento da 3ª República. O sistema sabe disso e trata de inviabilizar nosso partido e nossos movimentos, invisibilizando seu conjunto por meio da mídia, controlada pelos poderes econômicos. Mudaram as regra para que a atual terceira força política do país em votos não seja chamada para participar dos debates, com base em pesquisas. E isso se chama democracia.

Todos os militantes devem se converter em ativistas pelo voto na UP-IU. Ainda existe cerca de 40% de eleitores que não decidiram em quem votarão. Temos a melhor proposta e o melhor candidato, Alberto Garzón, que com sua coerência e seu exemplo de trabalho está convocado a ser o líder da oposição a esse novo regime bipartidário que se emula atualmente.