Nota: Uma resposta à arrogância sionista

A Secretaria de Política e Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) manifesta-se sobre a polêmica em torno da indicação, por Israel, de Dani Dayan, para o cargo de embaixador israelense no Brasil e o fato de o governo brasileiro não ter, até o presente momento, concedido as credenciais para que o mesmo possa assumir o posto.

Colônia de ocupação israelense, construída em território palestino e separada por muro.

Uma resposta à arrogância sionista

1) Dani Dayan é um dos líderes dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, sendo ele mesmo um colono. Estes assentamentos em territórios palestinos são considerados pela ONU e por quase todos os países do mundo como uma flagrante violação de acordos internacionais respaldados pela comunidade das nações. Até mesmo a União Europeia (UE) chega a rotular produtos feitos nestas colônias com o aviso: “produtos das colônias de Israel” como forma de denúncia de sua origem ilegal. Portanto, Dani Dayan está diretamente implicado na quebra do direito internacional, envolvendo o ataque à soberania de um povo oprimido e martirizado, sendo esta condição incompatível com a atuação que se deve esperar de um diplomata.

2) O governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu é conhecido por ignorar completamente as normas de convivência que regem as relações entre as nações, agindo sempre de forma virulenta e agressiva. Mesmo a indicação de Dani Dayan foi feita sem obedecer aos ritos obrigatórios que envolvem uma iniciativa deste tipo, precedida necessariamente por consultas entre as nações envolvidas, entre outras precauções. Em 2014, ao condenar, como de resto todo o mundo condenou, os ataques israelenses à Faixa de Gaza, o governo brasileiro foi tachado por um diplomata sionista como “anão diplomático” e o próprio Dani Dayan, em recentes declarações, disse que “não se importa muito” em ser ou não o embaixador no Brasil, explicitando, no entanto, a importância “ideológica” de um colono da Cisjordânia ser nomeado embaixador.

3) Assim, Dani Dayan, por suas próprias palavras, revela que o governo israelense não se preocupa em melhorar suas relações com o Brasil, mas busca apenas legitimar o que é ilegítimo, dando ares de legalidade ao que é flagrantemente ilegal. O Brasil, como nação soberana, que por repetidas vezes tem defendido a criação do Estado Palestino independente ao lado do Estado de Israel, age serenamente em consonância com esta posição, sem arroubos ou ameaças, postura completamente diversa da adotada pelo Estado sionista, que só enxerga a força e a truculência como métodos para impor ao mundo suas visões segregacionistas e racistas. Respaldamos a posição do governo brasileiro e expressamos a confiança de que não se dobrará diante das poderosas pressões dos lobbies sionistas. Negar o agrément ao invasor das terras palestinas, Dani Dayan, é sem dúvida a melhor resposta à arrogância sionista.

José Reinaldo Carvalho
Secretário de Política e Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)