Macri volta a negociar com fundos abutres depois de um ano e meio

Depois da luta incessante da ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, para não pagar a dívida dos fundos abutres, o novo mandatário, Maurício Macri, retoma as negociações com Washington. O secretário de finanças argentino, Luis Caputo, teve uma reunião na tarde nesta quarta-feira (13) com os credores em Nova York para negociar uma forma de pagar a dívida.

Macri - Efe

Em entrevista coletiva na última segunda-feira (11), Macri disse confiar na possibilidade de “um acordo razoável” para a Argentina ser firmado. “Queremos deixar de ser um país catalogado como inadimplente. Queremos encerrar o assunto e buscar uma solução. Queremos ser um país com boas relações com o mundo inteiro”, disse.

Segundo o chefe de Estado neoliberal, é necessário sinalizar para o mercado internacional que houve uma mudança de postura no governo argentino com sua chegada à presidência, sucedendo Cristina Kirchner. Antes de assumir o cargo, em dezembro, Macri enviou uma delegação a Nova York para sinalizar que estava disposto a retomar os diálogos.

As negociações com os fundos abutres estavam paralisadas desde julho de 2014, quando o então ministro da Economia, Alex Kicillof, se desentendeu com o mediador Daniel Pollack, chamando-o de “parcial” e recusando a proposta feita após encontros na época.

Os fundos abutres são fundos internacionais de investimento especulativos que compraram títulos públicos argentinos e que não aceitaram participar da renegociação da dívida pública do país, realizada entre 2005 e 2010. Os fundos então passaram a cobrar na Justiça dos EUA o pagamento por parte dos cofres da Argentina.

Em 2012, a Justiça norte-americana determinou que a Argentina deveria pagar US$ 1,5 bilhão aos fundos. Segundo o governo argentino então liderado por Cristina, os fundos abutres compraram os papéis a um valor total de US$ 48,7 milhões. Em 2014, a Suprema Corte dos EUA negou o recurso do governo argentino para revisar a ordem de pagamento dos títulos.

Sem acordo com os fundos, Buenos Aires se encontra em estado de moratória técnica. O governo de Macri deseja pôr fim ao litígio com os fundos abutres para recuperar investimentos estrangeiros na Argentina e poder fazer empréstimos no exterior. Os fundos representam apenas 1% dos credores da dívida pública que foi renegociada – 93% aceitaram o reembolso parcial.