EUA fecham os olhos a atrocidades da Turquia contra curdos

Na ausência de pressão pública maciça, os Estados Unidos não vão fazer nada quanto à violenta campanha da Turquia contra os curdos, disse Noam Chomsky, em entrevista à Sputnik, nesta sexta-feira (15).

Curdistão turquia - AP/Ibrahim Usta

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) passou 30 anos lutando pela autonomia para os curdos da Turquia. Ancara e os seus aliados ocidentais, incluindo Washington, classificaram o PKK como um grupo terrorista.

"O PKK está na lista dos (grupos) terroristas dos Estados Unidos e Turquia é um aliado valioso, então, infelizmente, é improvável que o governo dos EUA levante um dedo sem uma pressão da opinião pública em larga escala", disse Chomsky.

As tensões escalaram na Turquia em julho de 2015 depois de 33 ativistas curdos terem sido mortos em um ataque suicida em Suruc, perto da fronteira síria. Dois policiais turcos foram posteriormente assassinados pelo PKK, um evento que, em parte, levou à campanha militar de Ancara contra o grupo.

Chomsky observou que Washington nunca prestou grande atenção às atrocidades contra os curdos, particularmente durante os anos 1990, quando os massacres estiveram "entre os piores crimes de terrorismo estatal do mundo."

"Os Estados Unidos forneceram oitenta por cento das armas", afirmou Chomsky. "Quase não houve relatórios [sobre a situação] e os poucos de nós que tentaram organizar algum protesto foram silenciados."

Na sexta-feira, as autoridades turcas detiveram pelo menos 18 acadêmicos sob acusação de suposta propaganda terrorista depois de eles assinarem uma declaração pedindo ao governo turco para parar seus massacres nas províncias curdas. A declaração foi assinada por 1.128 acadêmicos, incluindo Chomsky.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan criticou a petição e se referiu aos signatários como "os assim chamados acadêmicos e pesquisadores", informou a agência de notícias turca Dogan (DHA).

O procurador-chefe Mustafa Kucuk acusou o grupo de difundir propaganda terrorista e de "insultar a integridade moral do Estado". O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu fez alusão de que os acadêmicos teriam escolhido "alinhar-se" com os terroristas.

Na sexta-feira, os estudantes protestaram contra as detenções com cartazes "não toque no meu professor".