Ata do Copom ressalta aumento da incerteza sobre economia mundial

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta (28), aponta que as incertezas em relação ao cenário externo se ampliaram, com destaque para a crescente preocupação com o desempenho da economia chinesa e seus desdobramentos, além da evolução de preços no mercado de petróleo. O cenário internacional, assim como as dúvidas no cenário doméstico figuram como fatores decisivos para a manutenção da Selic em 14,25%.

Reunião do Copom

No documento, o BC repetiu ainda que irá adotar as medidas necessárias para circunscrever a inflação aos limites de tolerância em 2016, fazendo-a convergir para a meta de 4,5 por cento em 2017. O colegiado, contudo, retirou a menção – contida na ata anterior do Copom – de que faria isso "independentemente do contorno das demais políticas".

O colegiado relaciona ainda a redução das incertezas do ambiente internacional como um dos requisitos para a retomada do crescimento sustentável da economia brasileira.

A maioria dos participantes do Copom considerou que “a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, sobretudo mais recentemente, justifica continuar monitorando a evolução do cenário macroeconômico para, então, definir os próximos passos na estratégia de política monetária”.

Para esse grupo, faz-se necessário acompanhar os impactos das recentes mudanças nos ambientes doméstico e externo no balanço de riscos para a inflação, o que, combinado com os ajustes já implementados na política monetária, pode fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017.

O BC também elevou tanto a projeção de inflação de 2016 quanto a de 2017, fixando ambas acima do centro da meta, de 4,5%. Segundo a ata, a previsão deste ano está “acima da meta” e a de 2017, “ligeiramente acima” da meta, considerando o cenário de referência, que leva em conta hipótese de manutenção da taxa de câmbio em R$ 4 por dólar e da taxa Selic em 14,25% ao ano “em todo o horizonte relevante”.

O Copom espera ainda que o ritmo de expansão da economia seja inferior ao previsto anteriormente, repetindo que o investimento tem se retraído e que o consumo privado também diminui, em linha com os dados de crédito, emprego e renda.

“Entretanto, para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, que tem se mostrado mais intenso e mais longo que o antecipado, à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, o ritmo de atividade tende a se intensificar”, diz o documento.