Festival de Jazz se consolida como alternativa ao carnaval no Ceará 

Na charmosa cidade serrana de Guaramiranga, a 106 quilômetros de Fortaleza, reina o jazz e o blues durante o carnaval. Vem sendo assim há 17 anos, desde que o Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga passou a conquistar milhares de pessoas e a atrair grandes artistas nacionais e internacionais.

Festival de Jazz se consolida como alternativa ao carnaval no Ceará

“Há um público que quer fugir do carnaval tradicional. O festival é um evento introspectivo, não tem a euforia do carnaval. As pessoas vão para apreciar a música”, diz a produtora do evento, Maria Amélia Mamede. O evento aguarda um público de 10 mil pessoas.

A estudante de direito Patrícia Soares se encaixa nesse perfil. Ela prestigia o Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga há três anos. “Eu e meu marido gostamos de jazz e, para nós, a experiência no festival é incrível. Infelizmente, em Fortaleza, ainda não temos casas específicas para o gênero.” Além da música, Patrícia conta que o clima ameno da cidade é outro fator que a atrai.

A flautista espanhola María Toro se apresenta no Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga, no Ceará Ana Schlimovich/Divulgação
A programação de hoje (8) traz nomes de peso do cenário nacional e internacional. Pela manhã e no fim da tarde, apresenta-se o María Toro Quartet. A flautista espanhola María Toro traz o repertório de seu primeiro disco solo, À Contraluz, que mescla os universos do flamenco e do jazz. Um dos integrantes do quarteto é o violonista cearense Cainã Cavalcante.

O flautista Heriberto Porto e o pianista Thiago Almeida, ambos do Ceará, abrem a noite em um duo que passa pelo baião, bossa-nova, choro e maracatu. Os músicos atuam juntos desde 2008, quando integraram o quarteto Marimbanda. Eles já se apresentaram por diversas cidades brasileiras e fizeram uma turnê pela Europa.

Em seguida, é a vez da sensação do soul e rhythm & blues Koko-Jean Davis, que incluiu Guaramiranga na sua turnê solo pela América do Sul. A moçambicana integra a banda europeia The Excitements e arranca elogios da crítica especializada, que a compara a Tina Turner e a Etta James.

Fechando a noite, uma jam session (apresentação de improviso) com o guitarrista paulista Igor Prado e sua Igor Prado Band. Veterano do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga, ele traz a força do blues que encantou os estadunidenses. A banda é a primeira da América do Sul a alcançar o topo das paradas de rádio nos Estados Unidos com o álbum Way Down South, segundo medição da Living Blues Chart, e concorre ao Blues Music Award, considerado o Oscar do blues. Com a indicação, o guitarrista se tornou o primeiro artista fora dos Estados Unidos a disputar o prêmio.

Reconhecimento

Para Maria Amélia, ao longo de 17 edições, o Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga se consolidou como um importante evento do gênero e se tornou um cartão de visitas para os músicos. “O festival é bastante reconhecido e abre muitas portas. Quem é do meio respeita e apoia. Os jovens artistas querem muito participar porque lhes dá credibilidade e boa divulgação. O público é muito caloroso.”

Igor Prado conta que o festival foi preponderante no início de sua carreira. “Eu e meu irmão (Yuri Prado, hoje baterista da banda) tínhamos uma banda amadora de blues. Mandamos material e fomos selecionados. Nossa primeira viagem profissional foi para Guaramiranga. Pra gente, isso é muito especial e foi um divisor de águas para mergulhar na carreira.”