São Paulo avança na Libertadores. Quem foi César Vallejo?

O São Paulo venceu na noite de quarta-feira (10) o clube peruano César Vallejo pelo placar de 1 a 0. Classificou-se, assim, para a fase de grupos da Copa Libertadores da América, o torneio subcontinental mais importante da confederação sul-americana de futebol. Mas quem foi Cesar Vallejo? O jornalista Walter Falceta fez um pequeno perfil do desconhecido professor, jornalista, escritor e, sobretudo, poeta peruano.

César Vallejo

Como a "inteligência" brasileira costuma dar as costas aos vizinhos e irmãos sul-americanos, pouquíssima gente conhece o grande César Vallejo (1892 – 1938).

César nasceu caçula de uma tropa de onze irmãos, em uma família de posses modestas, mistura de índios e galegos.

Trabalhou desde menino, ainda que nunca descuidasse do estudo. Virou professor, jornalista, escritor e, sobretudo, poeta, um dos maiores e mais inspirados deste sofrido continente.

Ainda jovem, César viu o preconceito contra as populações indígenas e aprendeu sobre as injustiças do mundo com os militantes anarquistas.

Viu a exploração, a dor e a morte na vida dos mineiros de Quiruvilca. A literatura de César Vallejo era de vanguarda, mas sempre engajada, dura, escorada na realidade.

É bela sua novela proletária "El Tungsteno", que trata da invasão do Peru pelas transnacionais mineiras, acolhidas pelas elites locais, associadas para pilhar a riqueza da terra, pagando mínimos salários, exigindo o sangue o suor de homens e mulheres, vendendo nos jornais a ficção da modernidade e do progresso.

César Vallejo era daqueles que não se vendiam. Na Europa, passou fome, viveu em abrigos, enfrentou a doença, mas mesmo assim prosseguiu firme em sua busca pela estética da liberdade humana solidária.

Perseguido, auxiliou na divulgação da resistência republicana durante a Guerra Civil Espanhola. Deu à palavra o nobre caráter de escudo contra o totalitarismo reacionário.

LOS MINEROS SALIERON DE LA MINA

Los mineros salieron de la mina
remontando sus ruinas venideras,
fajaron su salud con estampidos
y, elaborando su función mental
cerraron con sus voces
el socavón, en forma de síntoma profundo.

¡Era de ver sus polvos corrosivos!
¡Era de oír sus óxidos de altura!
Cuñas de boca, yunques de boca, aparatos de boca (¡Es formidable!)

El orden de sus túmulos,
sus inducciones plásticas, sus respuestas corales,
agolpáronse al pie de ígneos percances
y airente amarillura conocieron los trístidos y tristes,
imbuidos
del metal que se acaba, del metaloide pálido y pequeño. (…)