Lourdes Nassif: Pedalinhos de Atibaia são rebatizados de Tico e Teco

Repórter do jornal O Globo manda e-mail para o Instituto Lula querendo saber o nome dos dois pedalinhos encontrados no sítio de Atibaia. É verdade que os pedalinhos têm os nomes dos netos de Lula? Quem comprou? Por onde andam os pedalinhos? Só transitam pelo sítio? Quem nasceu primeiro, o Tico ou o Teco? Agora chega de brincadeira. Vamos aos fatos.

Por Lourdes Nassif, no Jornal GGN

Pedalinho tico e teco colagem

A troca de e-mail inicial, sobre o tema, colocava a “reportagem” da Veja sobre pedalinhos que estariam no sítio em Atibaia frequentado pelo ex-presidente Lula e sua família. A reportagem de O Globo iniciou tentativa de cobertura com o seguinte texto: “Conforme nos falamos por telefone, gostaria de saber se o ex-presidente Lula se posicionará sobre a informação divulgada pelo site da Veja, de que há dois pedalinhos no sítio de Atibaia, com os nomes dos netos Pedro e Arthur pintados nos mesmos”.

A assessoria do Instituto Lula respondeu que não, não iria falar sobre pedalinhos com os nomes dos netos do ex-presidente. E alertava que o sítio não era de Lula, mas sim de amigos que franqueavam o uso para a família poder descansar. Lembrou ainda que a posse não estava em mãos de nenhuma offshore no Panamá, mas sim de amigos de longa data.

E o Instituto arremata com o seguinte questionamento: “Aguardamos que a brava reportagem de O Globo que persegue pedalinhos de crianças investigue quem seria o real proprietário da mansão construída em área de proteção ambiental na praia Santa Rita, em Paraty. Haverá alguma nota ou reportagem do Globo sobre essa polêmica propriedade?”.

A reportagem do jornal O Globo enviou mais alguns e-mails para o Instituto Lula questionando alguns pontos da vida dos pedalinhos. Ainda explicando que o jornal estava fazendo matéria sobre como se deu a compra dos pedalinhos que estão no sítio. As notas fiscais mostram que os tais foram comprados pelo subtenente Edson Antonio Moura Pinto, funcionário da Presidência. Daí o jornal quer saber se esta seria uma atribuição dele?

A assessoria de imprensa do Instituto Lula respondeu que sim, pois que os ex-presidentes brasileiros têm direito a alguns cargos de livre provimento conforme reza a lei 7474 de 1986. O subtenente, portanto, é um funcionário cedido ao ex-presidente Lula.

O Instituto explicou, ainda, que a última alteração da lei aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso em 20 de dezembro de 2002, 11 dias antes do final de seu mandato. Na ocasião, FHC criou dois cargos extras de servidores de livre provimento para ex-presidentes. Assim, o subtenente ocupa esse cargo, um assessor pessoal do ex-presidente para a função que ele indicar.

Na resposta direta, o Instituto explica ao repórter do jornal O Globo que o subtenente pode fazer esse tipo de tarefa, que é a de comprar pedalinho, pois que a lei estabelece a função de segurança e apoio pessoal, fora os dois cargos criados por FHC de livre provimento.

E encerrando a trama na história do jornalismo investigativo brasileiro digno de um Oscar – o Instituto falou isso, muito bom! – e criando em cima da criação de outrem: “O mistério dos Pedalinhos”, o Instituto informa que os pedalinhos foram adquiridos por dona Marisa, que também adquiriu uma canoa de alumínio.

E continua longe na explicação: Lula e Dona Marisa não são donos do sítio, que é de propriedade de amigos que ofereceram o local para que o casal pudesse relaxar e descansar. Como canoas e pedalinhos não combinam com locais secos, como apartamento em São Bernardo do Campo, o Instituto explica que o local ideal é na água, num sítio por exemplo.

E termina a troca de e-mails com a assessoria do Instituto lembrando que o jornal não registrou a pergunta sobre a propriedade de Paraty, feita por ocasião da troca de e-mails anterior.