Líder do PCdoB cobra afastamento de Cunha da Presidência da Câmara 

“Eduardo, se afaste da Presidência da Câmara. Vá cuidar de sua defesa”, aconselhou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida, em discurso na manhã desta quinta-feira (3), após a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acatar a denúncia que torna o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) réu em processo da Operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção na Petrobras. 

Líder do PCdoB cobra afastamento de Cunha da Presidência da Câmara - Agência Câmara

Cunha é acusado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele é suspeito de receber ao menos cinco milhões de dólares de propinas relativos a um contrato para a construção de navios sondas entre a Petrobras e a Mitsui.

“A bancada do PCdoB quer fazer, de forma clara e contundente, a cobrança do seu afastamento”, disse Daniel Almeida, solicitando aos demais líderes partidários da Casa que reforcem a cobrança.

“Temos a expectativa de que STF, ao concluir o acatamento da denúncia, possa apreciar outro pedido que solicita o afastamento do Presidente desta Casa pela corte máxima do nosso país. Espero que isso aconteça, mas essa é uma decisão eminentemente política e acho que todos os líderes devem se posicionar, manifestando, de forma inequívoca, que ela retome suas funções com a isenção, transparência e democracia que deve ter. E, para cumprir de forma adequada esse papel , não é possível termos na presidência alguém que é réu no STF”, explicou o parlamentar.

Interesses do povo

Preocupado com os interesses do povo brasileiro, o líder comunista disse que “o mínimo que se poderia exigir, que faço aqui ao presidente, é ele renunciar, se afastar da Presidência da Casa, até para que ele se ocupe de fazer sua defesa no STF, mas jamais comprometendo o funcionamento da Casa e comprometendo a pauta necessária que a Casa precisa cumprir para tratar dos temas de interesses do nosso país.”

O líder comunista enfatizou a necessidade da Câmara cumprir o papel que a sociedade espera do Legislativo, principalmente em momento que a economia vivencia uma crise. “A sociedade brasileira espera que pautemos temas que se relacione com a superação da crise, a retomada do crescimento econômico e a geração de empregos no nosso país”, afirmou o parlamentar.

E, dirigindo-se à Cunha, disse que “se o tribunal considerar que é inocente, vai inocentá-lo; se é culpado, a Casa não interromperá suas atividades e vai continuar a trabalhar em favor do Brasil.”

E destacou os danos provocados à instituição pelo fato inédito de um presidente da Câmara no exercício de sua função tornar-se réu no STF. “Esse fato por si só indica que não é possível, conveniente, aceitável, não é bom para esta Casa e nem para o Brasil que o presidente continue exercendo o seu cargo de presidente respondendo como réu no STF.”

Dois processos

Na noite desta quarta-feira (2), o líder do Psol, autor da ação contra Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da casa, também discursou cobrando o afastamento de Cunha do cargo de presidente da Câmara.

Ele alegou que “é insustentável” a permanência de Cunha como presidente da Câmara depois da decisão do Conselho de Ética de dar prosseguimento a ação do pedido de cassação do mandato e da maioria do STF ter decidido a favor de tornar o Presidente da Câmara réu.