Carlos Décimo: Distrito Federal, um governo de tecnocratas

Analisando o governo Rollemberg nesse primeiro ano de gestão, pode-se constatar que a população do Distrito Federal vem pagando alto preço pela opção do governador em priorizar na composição de sua equipe tecnocratas distanciados dos reais problemas da população, amigos de seu núcleo de convivência pessoal e aqueles que oportunisticamente oferecem apoio eventual em troca de benefícios imediatos.

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Tal composição, cujos interesses são de difícil conciliação, vem se mostrando danosa na medida em que frusta a expectativa popular gerada pelas promessas de campanha que levaram Rollemberg a vitória nas eleições de 2014.

Apresentado como “o novo” utiliza a velha receita de penalizar a população e os trabalhadores na retirada dos seus direitos. Já no primeiro ano de governo, Rollemberg apresentou o seu “pacote de maldades”, como ficaram conhecidas as medidas que sob a justificativa de contenção de gastos tiveram impactos altamente negativos nas condições de vida da população, especialmente a de baixa renda. O malsinado “pacote de maldades” aumentou as tarifas públicas com reajuste de passagens de ônibus, entrada ao Jardim Zoológico e do valor cobrado pela refeição em restaurantes comunitários. A época Rollemberg, asseverou: “É uma decisão que a gente teve que tomar”. Até hoje é letra morta a proposta de eleições diretas para as administrações regionais, fato propalado durante a campanha eleitoral.

A marca que sobressai durante o primeiro ano de governo, é o caráter antidemocrático que tem se revelado em diversos episódios nos quais o governo Rollemberg demonstrou truculência e autoritarismo, a exemplo dos fatos que envolveram a repressão a justa e legítima greve dos professores.

Como se não bastasse os dois traços acima apontados, o governo Rollemberg não foi capaz de apresentar um projeto de governo que contemple a solução para os graves problemas do Distrito Federal. Não há qualquer indicativo de que o governo tenha interesse ou capacidade de aglutinação e dialógo para enfrentar problemas estruturais no Distrito Federal como mobilidade urbana; segurança pública; saúde e educação, entre outros temas.

Essa ausência de projeto revela-se no imediatismo e na desarticulação de iniciativas que pouco ou nada representam em termos de desenvolvimento e melhorias para a população do distrito Federal a curto, médio e longo prazo.

O esvaziamento das ações de governo e a frustação das expectativas da população, porém, não atestam apenas as fragilidades de um governo que, em seu conjunto, mostra-se despreparado para a tarefa a que se propôs.

O descrédito, a desilusão e a desesperança conforme nos tem mostrado a história, tornam-se o cenário propício para o surgimento de oportunistas de todos os matizes e, não raro para o ressurgimento de soluções vinculadas ao pensamento ultraconservador e suas propostas retrógadas.

O Distrito Federal precisa de um novo projeto alicerçado no fortalecimento das políticas públicas para que possamos avançar nas conquistas e abrir caminho para o desenvolvimento com inclusão social.

Precisamos nos concentrar em construir um projeto avançado que devolva à população do Distrito Federal a confiança perdida com o sentimento de frustação dos primeiros atos do governo de Rollemberg.