Gilmar de Carvalho: Irei às ruas, depois de quase 50 anos

Por *Gilmar de Carvalho

Gilmar de Carvalho

Não diria que Lula assumiu um ministério para evitar processo. Acima dos ministros e do (da) Presidente está Supremo Tribunal Federal. O que Lula fez foi tentar sair da mira de um juiz ansioso por protagonismo, que se acha um "salvador da pátria" e resolveu bater nele, a principal liderança política do País. Lula ia depor e ao invés de ser tratado como o cidadão que ele é, foi tratado como um bandido. Por pouco não colocaram algemas no ex-presidente.

Lula não pretendia sair do Brasil, tem endereço, tem toda uma história que o torna atraente para os factóides do juiz Moro. A direita dava o impeachment como certo e o jogo foi desmantelado e teremos novos (velhos) atores em cena e novas composições de forças políticas.

Esta confusão toda faz tempo que dura. Não se sabe quando começou. Talvez com a colonização portuguesa, no século XVI. As elites sempre deram as regras. Com Lula, pela primeira vez, o povo decidiu e foi ouvido. É grande o incômodo que isto causa. Pobre estudando no exterior, viajando de avião, comendo… A lógica que imperou aqui foi a da Casa Grande. O resto era senzala.

Irei às ruas, depois de quase 50 anos. A última vez que fui a uma passeata foi em 1968, antes do AI-5. Talvez devesse ver tudo isso com mais distanciamento. Nós estamos muito envolvidos. Fica difícil uma neutralidade ou uma conversa mais racional. Creio que com Lula, a Dilma consiga concluir o mandato e teremos eleições em 2018. Certamente, a direita ganha. Ganha e leva. A alternância dos grupos no poder é um dos esteios da democracia.