Vieira diria: lá vão os grandes ladrões punir uma inocente!

A crise política vive momentos decisivos. Seu enfrentamento exige atenção e a ação dos brasileiros comprometidos com o avanço democrático, o progresso social e a luta sem tréguas contra a corrupção.

Por José Carlos Ruy*

Temer e Cunha

Os golpistas estão assanhados, mas não tão seguros, e tentam enganar através da mídia patronal alegando que o governo vive momentos finais.

A direita golpista não consegue disfarçar que a investida contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff é ilegal porque não há crime de responsabilidade cometido por ela!

A máscara golpista cai e até jornais estrangeiros percebem a conspiração dos grandes ladrões contra uma presidenta sem crime de responsabilidade. As manifestações de quinta-feira (31) contra o golpe e pela democracia tomaram as ruas das cidades brasileiras e se espalharam também por inúmeras cidades pelo mundo. Embora detenham muita força econômica e social, os golpistas estão visivelmente encurralados pelo povo que se levanta e luta pela democracia.

No Congresso deputados e senadores lançaram na quinta-feira (31) a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia, formada por parlamentares do PT, PCdoB e PSOL, entre outros, e representantes de movimentos sociais.

No lançamento Humberto Costa (PT-PE), líder do governo no Senado, acentuou a convocação pela democracia e contra o golpe. É preciso, disse, que os movimentos sociais ocupem as ruas até a votação do pedido de afastamento da presidenta na Câmara. Vamos chegar a esse dia “com a opinião pública do nosso lado”, disse. E alertou que a Constituição e a democracia "correm perigo".

No mesmo sentido, a presidenta do PCdoB, Luciana Santos (PE) disse ser inaceitável que uma presidenta da República que não tenha responda a nenhum crime seja alvo de impedimento.

A palavra de ordem que estava na garganta de todos indicou a disposição de continuar e acentuar a resistência: “Não vai ter golpe, vai ter luta”.

A ação nas ruas precisa estar combinada com a ação institucional. Os parlamentares da legalidade formam um muro de contenção contra o golpismo. Eles são apoiados pelas ruas! O povo nas ruas, os deputados e senadores no Congresso, os juristas democráticos e legalistas, vão barrar o golpe!

A rejeição dos democratas contra o golpe é crescente, como as manifestações da quinta-feira (31) confirmaram. Nestes dias, o complexo Globo, da famiglia Marinho (que patrocinou o golpe de estado de 1964, tornou-se monopolista graças aos favores que recebeu da ditadura, se desculpou 50 anos mais tarde e, agora, comete o mesmo crime e fomenta o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff) escalou parte de seus escribas para enganar o povo e dizer que, por estar previsto na Constituição, o impeachment não é golpe! Mas escondem a parte do texto constitucional segundo a qual, para o impedimento ser legitimo, deve haver crime de responsabilidade – que, no caso de Dilma Rousseff, não há! E isso faz do impeachment um golpe contra a democracia.

O Globo tenta disfarçar a retórica golpista dizendo, em editorial, que o esforço legalista para denunciar como golpe o impeachment sem crime de responsabilidade é manipulação. São hábeis no uso das palavras! Mas não nos enganemos – os democratas e os que defendem a Constituição não se deixam iludir pelas argumentações vazias de O Globo.

Em meados do século XVII, faz mais de 350 anos, padre Antônio Vieira pronunciou o famoso sermão A Arte de Furtar. Fosse vivo, e podendo olhar qualquer foto que reúna os golpistas, com o inefável Eduardo Cunha e outros notórios comandantes da ilegalidadee, com certeza atualizaria a frase icônica daquele sermão e diria: os grandes ladrões querem punir uma inocente!

*José Carlos Ruy é jornalista e escritor