Jesualdo Farias: O Brasil de todas as cores

O Brasil vivencia uma polarização em torno do debate político que se arrasta há quase dois anos. Bem antes das eleições de 2014, já se identificava um clima de intolerância e de violência entre as pessoas. Dois grupos foram aos poucos se conformando: os vermelhos e os verde-amarelos.

Cresceu assustadoramente, nas redes sociais e nas ruas, uma batalha de insultos e de agressões físicas que não respeita sequer as relações familiares, para não citar casos envolvendo amigos de longa convivência. É difícil aceitar as razões deste comportamento tão agressivo. Como é possível que pessoas, que construíram laços de afetividade ao longo de décadas, rompam relações em decorrência de algo tão irracional como o nível dos debates envolvendo a política e o processo de afastamento da presidente Dilma?

Não se trata, aqui, de avaliar quem está com a razão, nem tampouco quem vai ganhar ou perder. O momento poderia ensejar um debate respeitoso que tivesse como referencial o futuro dos nossos filhos e netos, o futuro do País. Assim, quem sabe, estaríamos discutindo o que seria melhor para o Brasil e como cada um poderia contribuir para mudar o status quo da política tradicional. Deveríamos, sem ufanismos, discutir se o caminho para a saída da crise seria uma reforma política e que outras medidas seriam necessárias, neste contexto, para melhorar a economia.

Não podemos deixar de avaliar os riscos de qualquer solução que não tenha como referencial o estado democrático de direito. A Constituição é o legado primeiro da redemocratização do País e precisa ser respeitada. A impressão que se tem é que o Brasil está vivendo uma longa noite de réveillon, quando a maioria da população espera que o primeiro dia do novo ano chegue com as soluções para todos os problemas do País. Estamos, na verdade, vivendo dias decisivos para todos os brasileiros e brasileiras que dependem do futuro da economia e da política para ajudarem o País a retomar o rumo do desenvolvimento.

Por isso é que neste momento se espera de todos independente da cor – racionalidade, respeito à democracia e a opiniões divergentes.

*Jesualdo Farias é Professor titular da UFC e secretário da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC)