Para barrar o golpe:Mais mobilização e combater conspiradores e mídia 

O movimento social brasileiro se mantém firme após a aprovação na Câmara dos Deputados da admissibilidade do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff neste domingo (17). A tarefa para esta segunda-feira (18) está desenhada e unifica lideranças políticas e sociais de São Paulo em torno da ampliação das mobilizações, retomar o Fora Cunha e Fora Michel Temer e ainda realizar pressão sobre a mídia monopolista.

Por Railídia Carvalho 

Anhangabaú contra golpe - Dino Santos
Onofre Gonçalves, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP) comentou que o resultado e a forma como ocorreu a votação deste domingo no plenário da Câmara dos Deputados apenas confirmou que a atual legislatura pode ser considerada uma das piores da história e sem compromisso com a democracia brasileira.
Construir maioria
“Acho que não tem nada perdido, mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje. O importante é que essa reaproximação da presidenta Dilma da sua base social precisa ser ampliada. Do nosso lado vamos continuar orientando o nosso povo para continuar nas ruas. Este Congresso não foi eleito para defender o povo mas sim os próprios interesses”, afirmou Onofre. 
Na opinião de João Paulo, coordenador estadual do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é preciso ampliar a participação nas manifestações de rua daqueles que votaram na presidenta. “É preciso aumentar a capacidade de mobilização e construir uma posição de maioria na sociedade”, defendeu.
Para a liderança dos Sem Terra, devem voltar à pauta das mobilizações o Fora Cunha e o Fora Michel Temer. De acordo com João, as duas figuras são os principais responsáveis pela crise brasileira, sobretudo Eduardo Cunha. “Queremos cadeia para Cunha e relembrar as acusações que pesam sobre o Temer na Lava Jato, por exemplo”, ressaltou.
Mobilização social versus monopólio da mídia
De acordo com o blogueiro e editor do site Opera Mundi, Breno Altman, a mobilização social é a única forma de se contrapor, em curto prazo, ao monopólio da mídia. “É preciso intensificar a disputa das ruas, a disputa no boca a boca da militância, manter mobilizadas as forças democráticas do pais.” 
 
Segundo ele, “estamos pagando” hoje pelo “gravíssimo erro” de não ter enfrentado nos 13 anos de governos de Lula e Dilma a concentração dos monopólios de comunicação.
“O campo comunicacional que não está no monopólio das famílias é muito pequeno. Tem certo impacto na internet, é lido pelos formadores de opinião, mas não tem caráter de massa, ao contrário dos meios que a oligarquia controla”, comparou.
Para Breno, a médio e longo prazo, em caso de se esmagar o golpe, é preciso enfrentar o que ele chamou de “câncer da democracia brasileira” que é o monopólio da comunicação.
Papel da mídia progressista
Ainda que não sejam instrumentos de massa, Breno avalia como fundamental o papel dos blogs e da imprensa alternativa nessa etapa da disputa. 
 
“Todos os blogs progressistas estão empenhados na luta contra o golpe. É preciso comunicar aos leitores porquê é uma fraude, porquê os pretextos do impeachment são falsos, o que está por trás da operação, quem são os aliados, qual a coalizão de forças, quais os interesses econômicos e sociais do impeachment. Este é o papel dos meios alternativos neste momento”, explicou o jornalista.