Renan rebate tentativa de Cunha de interferir andamento do impeachment: "Só 'atrapalha"

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), rebateu as declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que, quanto mais ele “tentar interferir” no andamento do processo de impeachment no Senado, “só vai atrapalhar".

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Cunha foi à imprensa para dizer que o Senado tinha que acelerar o processo de impeachment e ameaçou paralisar o Congresso Nacional até o Senado decidir sobre o processo.

"Quanto mais o presidente da Câmara tentar interferir no ritmo de andamento do processo no Senado, sinceramente, ele só vai atrapalhar", rebateu Renan.

Renan ressaltou ainda que deixar de votar matérias importantes só irá prejudicar o país e lembrou que, enquanto o processo andava na Câmara, o Senado não deixou de realizar votações.

"Por mais que queira, o Senado não pode atropelar prazo, nem deve fazer isso perante a história. Enquanto a Câmara votava autorização do impeachment, o Senado deliberava”, salientou.

“Eu, sinceramente, não acredito que o lockout ajuda o Brasil. Nós temos que separar as matérias de interesse do Brasil e as matérias de interesse de governos, que são efêmeros”, acrescentou.

O presidente do Senado insistiu que a política do quanto pior, melhor com a paralisação de uma das Casas do Legislativo só agravará a crise. "Acho que nesse momento de dificuldade do povo brasileiro, cada Casa pretender (…) interferir na outra Casa, isso é muito ruim, ou paralisar as suas ações é muito ruim porque ninguém vai se beneficiar do lockout, do agravamento da crise, do desemprego, do aumento da desesperança", ressaltou.

Renan reafirmou que o processo de impeachment vai tramitar no Senado com "responsabilidade" e "muito cuidado". "É um processo longo e traumático, que vai impedir um presidente da República eleito pelo povo. Então, é preciso ter todo o cuidado. Na última vez que o Senado votou o impeachment [do ex-presidente Fernando Collor], ele condenou o presidente por crime de responsabilidade e o Supremo Tribunal Federal, na sequência, o absolveu. Nós temos que ter muita responsabilidade com a história", alertou.