Eventos espontâneos reúnem multidão no Rio e SP contra o golpe

Uma grande manifestação espontânea levou milhares de pessoas à avenida Paulista, em São Paulo e também no Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (21) em eventos combinados pelo Facebook, para gritar a nova palavra de ordem em defesa da democracia: "Fica Querida". Os manifestantes são contrários ao processo ilegal de impeachment aprovado neste último domingo (17) na Câmara dos Deputados. 

Evento espontâneo reúne milhares no Rio e SP contra o golpe

Justamente para se contrapor ao tchau querida que os deputados golpistas usaram no domingo (17), dia no qual disseram sim ao golpe tramado pela direita mais reacionária da sociedade brasileira. Os manifestantes de todas as idades, cores e orientações sexuais, também gritaram Dilma Fica.

Vários manifestantes mencionaram o circo armado na votação da aceitação do pedido de impeachment para a presidenta Dilma. Para a maioria essa votação deixou claro por “quem eles estavam votando”.

Tanto que a secundarista Anna Júlia Potye disse aos Jornalistas Livres que essa foi a sua “primeira vez numa manifestação pró-democracia”. Segundo ela, “aquele circo” criou um “desejo de justiça” e acabou inflamando a juventude a defender a liberdade.

O estudante Luiz Dantas conta que “criaram um evento falso no Facebook” convocando para o ato e mesmo assim “o pessoal veio, o ato começou pequeno e foi crescendo”.

Já a cientista social Maiara Beckrich acredita que a transmissão ao vivo da votação despertou muitas pessoas para o que realmente está acontecendo no país.

“Muita gente que estava em cima do muro, muita gente viu em nome de quem estavam votando aqueles deputados. Eu acho que essas pessoas que viram o cunho dessas falas também se mobilizaram e perceberam que não podiam estar do lado de lá, tinham que estar desse lado de cá mesmo”, afirma.

“Toda vez que eu venho num protesto e tem um enorme número de mulheres, eu me sinto acolhida, me sinto à vontade num nível que não é compreensível, sabe?”, diz Anna Júlia. A estudante Márcia Rosa diz que “eles são todos contra mim” e complementa: “sou mulher, negra, pobre, lésbica e comunista”.

Entre feministas, movimento negro, LGBT, indígenas e trabalhadores, o canto é uníssono: Dilma fica, e Cunha sai. Também entoaram cânticos com a frase “Dilma guerreira, mulher brasileira”. Diversas manifestantes disseram sentir-se atingidas pelos ataques misóginos à presidenta.

Democracia Corinthiana

No período da ditadura militar, os jogadores do Sport Club Corinthians Paulista (com Sócrates, Wladimir e Casagrande à frente) fundaram a chamada Democracia Corinthiana, um movimento que visava democratizar o clube e, além disso, lutar contra o regime ditatorial no Brasil. Em um contexto de golpe em curso no país, a democracia Corinthiana se fez presente na Avenida Paulista, mostrando que a disputa não ocorre apenas nos gramados. 


Foto: Mídia Ninja

Rio de Janeiro 


No Rio de Janeiro, uma manifestação espontânea reuniu na Candelária manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma.

Uma nova manifestação convocada pelos estudantes está marcada para este sábado (23), para dizer não ao golpe. Confira detalhes do evento aqui. 

Assista vídeo de Henrique Cartaxo para os Jornalistas Livres: