Humberto Costa: Temer deve estar inquieto com saída de Cunha

O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), destacou, nesta quinta-feira (5), a importância da pressão popular sobre os senadores que votarão o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. De acordo com ele, o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pelo Supremo Tribunal Federal, pode produzir mobilizações contrárias ao golpe e deve ter deixado o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) “inquieto”.

Humberto Costa líder do PT na Cãmara

“Eu acho que Temer deve estar muito inquieto, porque a ligação dele com Cunha é muito estreita. E certamente Cunha deve estar indócil, atribuindo responsabilidades a um e a outro. Não creio que ele esteja tranquilo não”, afirmou. Nesta quinta, o STF decidiu por unanimidade afastar do mandato e do comando da mesa diretora da Câmara Eduardo Cunha, aliado de primeira hora do vice-presidente.

Reconhecendo a dificuldade que o governo enfrentará na votação na Comissão Especial que analisa o impeachment, que acontece nesta sexta (6), Humberto Costa defendeu que o foco maior deve ser na disputa por votos no Plenário, na próxima quarta-feira (11).

“É uma situação difícil [a votação desta sexta], porque esses integrantes da comissão foram escolhidos a dedo, entre pessoas que já tinham uma posição previamente assumida de serem contra a continuidade de Dilma e a favor do impeachment”, admitiu, já prevendo resultado desfavorável na comissão.

“Mas estamos trabalhando para ter uma boa votação no Plenário e fazer o enfrentamento político, para a construção de uma narrativa de tudo isso, mostrando que é um golpe, que não há crime de responsabilidade identificado, que na verdade é uma posição política para suspender o governo e dar àqueles que perderam [a eleição] a possibilidade de voltar”, disse.

Caso o pedido de impeachment seja aprovado pela comissão, nesta sexta (6), o processo segue para o plenário da Casa e será votado pelos 81 senadores no dia 11. Costa aponta então a estratégia para este caso. “É continuar fazendo o debate, aguardar que a posição sobre Cunha produza algum tipo de mobilização e esperar que a sociedade se mexa também para impedir o impeachment”, disse.

De acordo com ele, como qualquer Casa legislativa, o Senado é muito suscetível à pressão que vem da rua. “E se conseguirmos ampliar a pressão popular, podemos reverter alguns votos”, encerrou.