Começou a resistência: aos golpistas, nem um minuto de sossego

Ao longo dos 13 anos de governo progressista os movimentos sociais não deixaram de defender suas pautas. Mas tiveram uma abertura maior para o diálogo. Nesta quinta-feira (12) começou o governo golpista de Michel Temer, e agora a conversa é outra. Pelo menos foi esse o recado que os manifestantes deram na marcha realizada à noite na Avenida Paulista, em São Paulo.

Por Mariana Serafini

Manifestação na Avenida Paulista - Mídia Ninja

O primeiro dia de Ponte para o Futuro já mostrou a que veio: “Ficam extintos: Secretaria de Portos da Presidência da República; Secretaria de Aviação da Presidência da República; Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; Controladoria – Geral da União; Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério das Comunicações; Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos; Casa Militar da Presidência da República”, informou o Diário Oficial da União nesta quinta-feira (12).

Em poucas horas de governo, cerca de 30 anos de retrocesso. Trinta anos conquistados com muita luta social. E foi com ganas de quem não vai deixar o retrocesso avançar que os movimentos sociais ocuparam a Paulista. A manifestação deu o tom da luta: “a resistência está só começando, fora, Temer”.

Diferente dos novos ministros, de Michel Temer, todos homens, brancos e velhos, o povo nas ruas tinha todas as caras, todas as cores e todas as idades. A luta é composta por mulheres negras, brancas, indígenas; pelo movimento do Funk, do Hip Hop, da cultura na periferia; pelos que sempre lutaram contra a corrupção imobiliária; pelos estudantes que não descansam em defesa da Educação; por mulheres e homens valentes e cheios de coragem.

Com muita música, bom humor e irreverência marchamos da frente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) até a frente do Escritório da Presidência da República em São Paulo. No primeiro ponto, um pato amarelo, parecido ao símbolo dos paladinos anti-corrupção, foi queimado. Uma forma simbólica de dizer à Fiesp: “nós estamos aqui e sabemos o que vocês financiaram este golpe”.

A parada seguinte foi em frente ao prédio governo para “deixar um recado aos golpistas”, os porta-vozes do movimento avisaram à polícia: “agora nós vamos pichar o prédio, vamos colar cartazes e vamos deixar uma mensagem, hoje é só uma ocupação simbólica”. E assim foi. Um primeiro passo da longa luta que está por vir.

Conversando com as pessoas que estavam na rua, a sensação era a mesma: “agora é luta”. Não havia resignação. Temos a consciência de que o Brasil é maior que as manifestações “verde-e-amarelas-anti-corrupção-do-PT”, e é deste país que estamos falando quando dizemos que a resistência só começou. Um Brasil profundo composto por trabalhadores conscientes das conquistas obtidas ao longo da última década que não estão dispostos a perder direitos.

Ao Temer, um minuto sequer de sossego porque os brasileiros não votaram num projeto chamado “Ponte para o Futuro” que pretende nos levar ao passado. Como foi prometido aos golpistas: a luta está acontecendo.