EUA obtêm informações sobre China por meio de exercícios militares

Um militar sul-coreano, que pediu anonimato, revelou que seu país participará dos treinamentos militares trilaterais com os EUA e o Japão, que deverão ocorrer em 28 de junho próximo na área das Ilhas Havaí para treinar a cooperação na detecção de lançamentos de mísseis por parte da Coreia Popular, assim como o acompanhamento de suas trajetórias.

Oficiais da marinha chinesa aguardam a chegada do USS Curtis Wilbur ao porto de Quingdao

De acordo com as informações obtidas pela agência de notícias Associated Press os militares planejam desdobrar sistemas de combate Aegis instalados nos navios de guerra. De acordo com a fonte, o objetivo desta operação é identificar os parâmetros de lançamentos balísticos norte-coreanos. Porém, o treinamento de intercepção de mísseis não está programado segundo o militar, o que contradiz as publicações do jornal japonês Asahi, que informou sobre treinamentos de intercepção e destruição de mísseis balísticos.

Os ensaios ocorrerão no âmbito das negociações entre Washington e Seul sobre a possível instalação no sul da península coreana do sistema de intercepção de mísseis balísticos de médio e curto alcance THAAD. O motivo oficial é a contenção do potencial nuclear da Coreia Popular. Entretanto, a China declara ser decisivamente contra tal medida, vendo nesta um mecanismo de contenção do seu potencial balístico.

Na opinião do diretor do Centro russo de Estudos Sociais e Políticos, Vladimir Evseiev, os primeiros ensaios militares dos EUA, Japão e Coreia do Sul não serão limitados ao posicionamento do sistema Aegis. É provável que sejam realizados ataques simulados a réplicas de mísseis, que eventualmente podem ser lançados do território tanto da Coreia do Sul, como de outros países, diz o analista.

"Acredito que a China deve condenar veementemente estes ensaios, pois trata-se do envolvimento da Coreia do Sul no sistema global de DAM norte-americano. Parece que, até o final de junho, pode ser tomada uma decisão definitiva sobre a implantação do THAAD estadunidense no sul da península coreana. Talvez isso inclua uma ou duas baterias com a respetiva infraestrutura de radares. Esta, mesmo em regime regular de monitoramento, permitirá obter informações sobre China, o que causa preocupações por parte de Pequim. Os ensaios trilaterais deste tipo podem significar que, em teoria, as partes podem criar um agrupamento naval de destroieres e cruzadores equipados com sistemas de combate Aegis e mísseis interceptores SM-3. Estes navios têm capacidade de efetuar a intercepção de lançamentos de mísseis chineses. Os sistemas a serem desenrolados na Coreia do Sul e na China, assim como os radares da Marinha permitirão detectar com antecedência os lançamentos de mísseis chineses. Os próximos ensaios podem representar um primeiro passo para tal desenrolamento".

Os ensaios de Seul e Washington em abril foram recebidos em Pyongyang com declarações extremamente duras. A Coreia Popular não excluiu a possibilidade de uso preventivo de suas forças nucleares. Os novos ensaios podem provocar uma nova onda de tensões tanto em redor da RPDC, como nas relações sino-americanas.

"Em primeiro lugar, fortalecerão a defesa do litoral com vários sistemas de misseis. Acredito que a China vai prestar mais atenção ao fortalecimento do potencial da aeronáutica militar, que impediria de desenrolar qualquer agrupamento naval armado com SM-3 na proximidade das suas fronteiras. Além disso precisará de aumentar frota da sua marinha".

Seja o que for, uma nova onda de confrontação na Ásia oriental, assim como a continuação de corrida armamentista é o cenário mais provável na região. A interferência maior dos EUA nas disputas territoriais no Mar do Sul da China e no Mar da China Oriental pode provocar, no mínimo, incidentes armados.

Os analistas anotam mais dois detalhes interessantes – os entendimentos sobre a realização dos ensaios trilaterais foram atingidos durante as consultas realizados em Seul em 19 de abril, já depois do líder chinês Xi Jinping comentar ao presidente estadunidense Barack Obama a posição do seu país sobre o desenrolamento do sistema de defesa antimíssil no sul da península coreana. A outra detalhe – é que o lugar dos ensaios foi anunciado depois do encontro dos chanceleres russo Sergei Lavrov e chinês Wang Yi, na qual os diplomatas avisaram os EUA contra o desenrolamento de DAM THAAD norte-americana na República de Coreia. De acordo com eles, isto afetaria os interesses estratégicos de segurança da China e da Rússia.

Fonte: Sputnik