Publicado 18/05/2016 19:46
"A indústria é um setor que eu tive pouca afinidade, não obstante eu tenha sido contador de indústria no início da minha carreira", disse o ministro e advogado Marcos Pereira, em entrevista ao Valor.
Integrante de um governo ilegítimo que chegou ao poder com o discurso de que formaria uma equipe de "notáveis", o bispo licenciado reconheceu que caiu de paraquedas na pasta e deixou transparecer sua falta de conhecimento sobre os temas relacionados a ela.
"O que penso é segredo de Estado. Não comentei ainda nem com os secretários do ministério", afirmou na entrevista.
A princípio, Pereira tinha sido um nome cogitado para a Ciência e Tecnologia, mas a comunidade científica reagiu, com críticas especialmente à sua visão criacionista do mundo.
Presidente licenciado do PRB, o ministro é ex-vice-diretor da Rede Record e professor universitário. Afirmou ao Valor que pediu aos secretários do Ministério um levantamento das ações da pasta para que elaborem um plano de trabalho.
"Está tudo na base do levantamento, querida. Não é um governo que foi eleito e teve uma transição. Por força da Constituição, é um governo que foi empossado e é interino. É diferente de quando é eleito", declarou, pedindo um "voto de confiança".
Segundo ele, um ministro, "seja de qual pasta for, tem que ter duas características indispensáveis: político e gestor. Eu reúno. Sou político, liderei o processo de crescimento do PRB. Gestor também fui, de empresa de serviço e de comércio", acrescentou.
Pereira assumiu um ministério reduzido, em relação ao passado, sem o BNDES, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e a Agência de Promoção do Comércio Exterior (Apex). Ele disse que comandará a área em diálogo com empresários e federações.
A gestão de Michel Temer mal começou e já desagrada até aliados. Segundo o Brasil 247, os industriais estão revoltados com a escolha de Pereira para a pasta e já fizeram chegar sua insatisfação a Temer.
Depois de todo o engajamento na defesa do impeachment, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) recebeu como recompensa não apenas a notícia de que a CPMF que tanto repudia poderá, sim, ser recriada, mas também um ministro que não tem "afinidade" com a pasta.