Arruda Bastos: Não só o MinC, queremos mulheres, negros e democracia

Por *Arruda Bastos

Fora Temer - Paulo Pinto/Agência PT

Com a pressão popular e de diversos segmentos organizados da nossa sociedade, o Presidente em exercício, o usurpador Temer, tem voltado atrás de decisões tomadas anteriormente por ele e seus asseclas. A última foi o retorno do Ministério da Cultura, que será recriado. Além de demonstrar cabalmente que ele é um ser totalmente despreparado para o cargo, abre também um flanco para a principal reivindicação dos que lutam pelo retorno da democracia que é a sua saída do Planalto.

Todos já ouviram falar da Lei de Murphy, que é um adágio da cultura ocidental e normalmente é citada como “qualquer coisa que possa correr mal, ocorrerá mal, no pior momento possível”. Abreviando: “se algo pode dar errado, dará”. É essa a sensação de todos os brasileiros e até mesmo daqueles que conspiraram ou simplesmente colaboraram para a saída da presidente Dilma. O estelionato e as estripulias do Presidente em exercício são evidentes, até nos maiores símbolos do capitalismo, como a cotação do dólar, que subiu, e a bolsa, que caiu. Tudo vai de mal a pior no governo e no Fajuto time do desgoverno Temer.

É uma característica das pessoas que não têm personalidade e convicção recuar de suas posições após críticas reiteradas. Não é que uma pessoa não possa mudar de posição, mas o estranho é que durante toda a semana a equipe do usurpador Temer justificou ferrenhamente a iniciativa da extinção do Ministério da Cultura. O Presidente em exercício já começa como uma biruta de aeroporto, com recuos e recuos dos recuos, demonstrando que ele está mais perdido que cego em tiroteio. Além disso, denota incapacidade e uma fraqueza de propósitos.

Não desejamos apenas a volta do Ministério da Cultura, mas também da nossa democracia, que foi ferida de morte pelo golpe parlamentar midiático e jurídico em curso no Brasil. Lutamos pelo retorno dos negros aos postos de comando, das mulheres à sua justa posição de destaque, pelo respeito às minorias, pela ampliação dos programas sociais e por um governo novamente nos trilhos do compromisso com as regiões e com os menos favorecidos. O retorno do Ministério da Cultura é só uma migalha no banquete da democracia.

Desejamos a manutenção do SUS, como previsto na nossa Constituição de 1988, de forma universal, a saúde como direito de todos e dever do Estado, e não de joelhos à iniciativa privada, à medicina suplementar e aos planos de saúde, como deseja Ricardo Barros: Ministro ou macaco em casa de louça.

O governo do usurpador Temer é ilegítimo, haja vista que, como todos sabem, foi fruto de uma conspiração urdida nos corredores do Palácio Jaburu e teve como principais sócios o grande capital nacional e internacional, a Rede Globo de televisão e toda a grande mídia golpista que agora esconde o seu fruto: golpe, o filho bastardo que a mídia tenta negar.

De todo modo, os recuos sucessivos de Temer demonstram que a mobilização popular das ruas é o modo eficaz para impedir o reprocesso em todos os sentidos nesses 180 dias de governo interino, e a nossa “bala de prata” capaz de derrotar e matar todas as forças que articularam e dão sustentação ao golpe. Com a mesma força das crianças de 1964 aos médicos pela democracia, devemos amplificar nossos esforços. O dever nos chama! Vamos para a vitória. Fora, Temer!

*Arruda Bastos é médico, professor universitário, ex-secretário da saúde do Estado do Ceará e um dos coordenadores do Movimento “Médicos pela Democracia”.

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