Sérgio Machado: Líder de FHC no Senado a operador do PMDB na Lava Jato

Personagem aparentemente desconhecido, Sérgio Machado aparece como agente central de um esquema de propinas e, por conta da eminente ameaça de prisão, decidiu gravar conversas com seus pares do PMDB para servir de apoio para sua delação premiada.

Sergio Machado - Agência Brasil

Segundo o Valor Econômico, a delação do ex-presidente da Transpetro teria sido homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mas quem é Sérgio Machado? A Lava Jato, que apura a corrupção na Petrobras, chegou a ele porque outro delator o apontou como responsável de uma conta secreta pela qual recebia dinheiro de propina. Pressionado, Machado decidiu colaborar com a PGR e fez gravações com lideranças do PMDB, entre as quais a que derrubou o ministro de Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

No áudio vazado pela Folha de S. Paulo, Jucá diz que o plano era articular um grande pacto de salvação para derrubar Dilma Rousseff e, assim, deter o avanço das investigações da Lava Jato que estavam no encalço dele e de seus aliados.

Machado, por sua vez, não escondeu a preocupação com o seu processo e possível prisão. "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'…", ameaçou.

A resposta de Jucá foi que a saída era política. "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse ele, reafirmando que Michel Temer atuaria para construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado acrescentou: "Aí parava tudo".

Empresário do Ceará, Sérgio Machado iniciou sua trajetória política ao lado do tucano Tasso Jereissati (PSDB). Foi coordenador da campanha de Tasso e secretário de Governo do 1º mandato dele, sendo responsável por uma política de cortes e arrocho que fez perder o espaço político.

Sem o apoio de Tasso para sua candidatura, o Machado buscou o apoio do comando nacional do PSDB, se elegendo deputado e senador, e atuando como líder de FHC no Senado, em 1994.

Como disse na gravação com Jucá, em 2001, ajudou a eleger Aécio Neves (PSDB) presidente da Câmara e em 2002, decidiu voltar ao PMDB para disputar o governo do Ceará.

Naquele mesmo ano foi apadrinhado por Renan Calheiros (PMDB-AL) para ocupar a presidência da Transpetro, onde permaneceu por onze anos, de 2003 até fevereiro de 2015.

A Lava Jato chegou até ele depois que o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse ter recebido meio milhão de reais de propinas dele. Em dezembro do ano passado, sua casa em Fortaleza foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e, no início deste mês, foi alvo de novo pedido de inquérito.