Maduro acusa OEA de “tentar se tornar um poder supranacional”

O secretário-geral da OEA, Luis Almacro, invocou a Carta Democrática Interamericana da entidade para convocar uma reunião do Conselho Permanente dos Estados-membros a fim de debater sobre o que ele considera uma “crise institucional” na Venezuela. O presidente do país condenou a atitude e afirmou que a ação do organismo foi uma tentativa de se tornar um “poder supranacional”.

Nicolás Maduro - Efe

“[Almagro] tentou se tornar um poder supranacional, por cima da carta da OEA e da Constituição, que é a única carta que reconhecemos”, declarou Maduro em um pronunciamento em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo, onde aconteceu uma grande manifestação de jovens venezuelanos.

Segundo Maduro, a direita venezuelana promove o intervencionismo no país, o que configuraria uma violação da Constituição. O presidente disse que o plano de seus opositores era “incendiar o país em abril e maio”, quando ocorreram protestos pelo racionamento de energia elétrica em decorrência da seca que culminaram em onda de saques em algumas regiões do país, mas o governo e a população teriam garantido a paz. “Eles ficaram desesperados porque o plano era incendiar a Venezuela”, disse, se referindo à medida de Almagro.

“Vamos batalhar pela Venezuela, pela paz, pelo direito à independência. O direito à independência, à liberdade e à soberania é irrenunciável”, afirmou Maduro. Para o presidente, com a invocação da Carta Democrática ocorrerá uma “luta na OEA e nas ruas da América Latina e do Caribe” pela soberania nacional.

Os opositores de Maduro buscam realizar um referendo revogatório do mandato presidencial, dispositivo previsto na Constituição. Atualmente, a oposição está em processo de validação das assinaturas recolhidas para convocar o referendo. Caso o pleito ocorra até o fim do ano e decida pela revogação do mandato de Maduro, haveria novas eleições presidenciais. Esse mesmo resultado a partir de janeiro de 2017 faria com que o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz, do mesmo partido de Maduro, assumisse a Presidência, sem novas eleições. Com isso, a oposição tem interesse em acelerar o processo.