Portuguesas aprovam moções a favor de Brasil, Cuba e Venezuela

O Movimento Democrático de Mulheres de Portugal, reunido no fim de semana, aprovou moções que serão endereçadas a entidades portuguesas e europeias, mostrando a preocupação da entidade com os conflitos atuais, com incidência particular na América latina. "Queremos sublinhar a nossa solidariedade e determinação com as mulheres de Cuba, Brasil; Venezuela, Palestina e tantas outras", escreveu Regina Marques, do secretariado executivo do MDM, na nota distribuída à imprensa.

Dístico do Movimento Democrático de Mulheres

Leia a seguir a moção pela soberania dos povos e contra a ingerência do imperialismo:

Moção pela soberania dos povos! Não à ingerência do imperialismo! Não ao retrocesso nos direitos das mulheres Pela Paz no mundo! Solidariedade com as mulheres na sua luta pela justiça social e o progresso!

Vivemos um tempo muito perigoso. A ofensiva do imperialismo liderada pelos EUA, UE e Otan estende-se a todos os continentes, pela crescente militarização de enorme alcance mortífero, mas simultaneamente desencadeando uma guerra económica, uma guerra mediática, diplomática e política, toda ela assente na mentira, manipulação e deformação dos factos, com uma violência e destruição impiedosas sobre as pessoas e bens, incluindo a destruição do património cultural da humanidade. Atos terroristas, ações golpistas, o desrespeito e a violação de direitos e liberdades, rudes ingerências políticas nos países que procuram legitimamente os seus caminhos alternativos, a sua independência e soberania, são os traços que marcam a atualidade desta ofensiva.

Nunca como hoje houve tamanhos e inúmeros conflitos, num contexto mundial armadilhado, que não nos descansa. Em África, é preocupante a situação de violência e guerras instigada e agudizada pelos interesses do capitalismo em muitos países onde os povos vivem momentos difíceis fruto das guerras de ocupação, com destruição de vidas, subnutrição, doenças, e uma incerteza permanente quanto ao futuro.

Ainda em África, a Republica Saaraui que luta pela sua independência há mais de 40 anos, o seu povo vive separado, em acampamentos nas zonas libertadas do deserto mas sujeito a uma crise humanitária sem precedentes, e a parte da população que vive nas zonas ocupadas pelo Reino de Marrocos, está sujeita a um feroz clima de repressão com prisões e atrocidades ilegais.

Na América Latina, o imperialismo norte americano aposta na desestabilização dos países que têm governos progressistas na região, O mais significativamente perigoso é a escalada contra a República Bolivariana de Venezuela que visa atingir o seu processo transformador e revolucionário, um processo que resgatou a dignidade humana ao povo, estabeleceu um regime de justiça social impulsionando o desenvolvimento agrícola, industrial e tecnológico, erradicou totalmente o analfabetismo e garantiu a saúde e a cultura para todos.

O afastamento de Nicolas Maduro do Governo é a principal prioridade do imperialismo e da oligarquia que tudo faz para criar embaraços à economia alternativa que está sendo equacionada, manipulando informação e escondendo alguns dos êxitos dessa busca de alternativas para superar os efeitos de uma crise mundial em que se viu mergulhado. Também a destituição ilegal de Dilma Roussef traduz essa ingerência violenta contra um pais e um governo que se vinha assumindo como um pais soberano, independente e uma potência com visão progressista a favor das camadas mais pobres da população brasileira, propulsora da unidade dos povos oprimidos da América Latina.

No mundo árabe, a ofensiva imperialista, sionista e reacionária, escudando-se nas guerras religiosas e étnicas, alimenta grupos de mercenários terroristas, e em cumplicidade com Israel, veta o reconhecimento do Estado da Palestina, desrespeita as ecomendações da ONU, agudiza os ataques à faixa de Gaza, estimula o apartheid, sendo certo que, no mundo árabe, a paz só será alcançada, resolvida que for a questão central da Palestina.

Na Europa, assistimos a uma nova corrida aos armamentos, à multiplicação de bases militares na região da Ucrânia, à ação criminosa das brigadas nazistas armadas pelos EUA, a que se juntam a decisão da Otan de triplicar os efetivos da sua "Brigada de Intervenção Rápida" e a decisão do Congresso dos EUA admitindo o fornecimento ao governo fascista da Ucrânia de armamento "letal", elementos que juntos constituem autênticos preparativos para a guerra.

Numa escalada imperialista sem precedentes, UE, Otan e EUA cooperam para liquidar até aos alicerces tudo o que décadas de socialismo no leste europeu havia sido conquistado, destruir o potencial econômico e assenhorear-se dos mercados daqueles países. Pretendem avançar os dispositivos militares da Otan até às fronteiras da Rússia cujo poderio econômico e militar, nomeadamente nuclear, os EUA procuram por todos os meios destruir, pondo em causa os tratados de segurança vigentes. Trata-se de um foco de guerra tanto mais perigoso quanto se desenvolve no quadro da mais profunda e prolongada crise capitalista e em que é visível a tentação dos setores mais reacionários e agressivos do grande capital para voltarem a recorrer ao fascismo e à guerra para dirimir as suas contradições e, à custa de colossais destruições materiais e humanas, restaurar as condições de reprodução do capital como aconteceu com a 2.ª Guerra Mundial.

Assim; Considerando que a luta dos povos pela sua independência e autodeterminação é pedra basilar para travar os desígnios do autoritarismo e militarismo inerentes ao capitalismo e ao imperialismo, e dessas vitórias a história nos dá inúmeros exemplos;

Considerando que a história do MDM radica na expressão da solidariedade com os povos que lutaram e lutam pela sua libertação, autodeterminação, desenvolvimento e paz, manifestando desde sempre a sua solidariedade com as lutas de independência nacional e soberania, contra o colonialismo e o apartheid;

Considerando que o MDM tem uma historia de luta abnegada e coerente de resistência ao fascismo e nazismo, com homens e mulheres que estiveram nas prisões fascistas, no campo de concentração no Tarrafal, dando a sua vida pela liberdade;

Considerando que o MDM promove uma solidariedade ativa com as organizações de mulheres e seus povos que constroem nos seus países mundos novos e espaços de convivência e dignidade, uma solidariedade que se estende a todas as forças que combatem, de formas mil, as forças opressoras e exploradoras em todos os cantos do mundo e, aos governos que acalentam justamente os sonhos de liberdade, progresso e desenvolvimento dos seus povos, promovendo com a independência e a responsabilidade que lhes é cometida, as mudanças politicas necessárias à promoção do bem estar dos seus povos e soberania dos seus países;

O MDM expressa a sua veemente solidariedade com Cuba, pelo fim do Bloqueio dos EUA, a Republica Bolivariana da Venezuela e os povos da América Latina por um mundo mais justo e livre, abraçando no seu quotidiano as causas da paz com determinação e confiança, mobilizando vastos setores democráticos e patrióticos por uma cultura de respeito mútuo, independência e soberania, com o inabalável reconhecimento do direito dos povos decidirem livremente dos seus destinos.

O MDM solidariza-se com a luta das mulheres e do povo brasileiro contra o golpe mediático e jurídico, verdadeiro golpe de estado, perpetrado a 12 de Maio de 2016, contra a democracia brasileira que culminou com a grosseira destituição de Dilma Roussef, e exige o não reconhecimento do governo ilegal e golpista de Temer e a restituição da presidente Dilma ao seu alto cargo para que foi legitimamente eleita.

O MDM saúda as organizações progressistas da Venezuela e do Brasil, saúda as organizações de mulheres e encoraja-as a prosseguir nesta importante luta de afirmação das suas politicas, dos seus direitos e da valorização dos seus recursos naturais em prol do progresso dos seus povos . O MDM reconhece a justeza das suas aspirações, denuncia as ilegalidades e atropelos cometidos nas áreas ambientais, sociais e humanas e exige o cumprimento das decisões internacionais de salvaguarda da soberania e independência dos povos. O MDM saúda igualmente a UNMS pela luta determinada a favor da libertação do seu povo do jugo do Reino de Marrocos e pelo direito à autodeterminação do Saara Ocidental, direito reconhecido há décadas pela ONU.

O MDM manifesta o seu repudio por todas as tentativas de branqueamento do fascismo, denuncia os desígnios agressivos e belicistas da Otan e a cumplicidade do Governo português e da EU com os objetivos de expansão da Otan e exige a sua dissolução;

Ao mesmo tempo, o MDM solidariza-se com todos e todas que lutam na Europa e no mundo contra todas as discriminações e desigualdades, violações sexuais e violência de guerra, contra o aumento da pobreza, o trafico de mulheres e crianças, a prostituição, consequências diretas do empobrecimento das famílias, da precariedade, da perda do emprego, e das desigualdades na distribuição da riqueza, cujos interesses servem diretamente a guerra e os opressores.

O MDM manifesta a sua confiança na força das mulheres, da juventude, dos trabalhadores e dos povos, animados pela vontade de viver numa sociedade de progresso e justiça social, para construir um mundo de paz, de justiça social e de igualdade para os povos os povos do mundo.

Desejamos afinal um mundo onde a vida não seja um pesadelo mas um campo aberto à alegria e ao futuro.