ONU critica ausência de negros no governo Temer

A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou a ausência de representatividade negra no governo de Michel Temer. Segundo o Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Hussein, "esse deficit de representação na cúpula do poder afeta toda a sociedade: parlamentos, locais de trabalho no setor público e privado, escolas, tribunais, na imprensa – todos lugares em que às vozes dos afrodescendentes são dados muito pouco peso".

ONU criticou a abaixa representatividade de negros na cúpula do governo brasileiro - Foto: Marcos Correa

"Existem cerca de 150 milhões de pessoas de descendência africana na região, somando quase 30% da população. Eles são mais da metade da população do Brasil e mais de 10% da população de Cuba" e completou, "mas sua representação nos altos níveis do governo, incluindo nos ministérios, é muito inferior" . 

"Peço que esses governos tomem ações para refletir a diversidade de sua população dos órgãos de tomadas de decisão, incluindo a consideração de políticas de ação afirmativa", afirmou Zeid Hussein.

Críticas do movimento negro

Representantes do movimento negro vêm fazendo duras críticas ao formato do governo provisório de Michel Temer após o afastamento da presidenta Dilma. Os ativistas dizem que estão em vigília para evitar a perda de conquistas.

O membro da comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ, Marcelo Dias criticou a falta de diversidade étnica do governo Temer. Ele reforça que, no Brasil, mulheres recebem menos do que homens, e negros são mais mal remunerados que mulheres brancas. Na base da pirâmide, ficam as mulheres negras, com os salários mais baixos. "Estou cético com relação à continuidade das políticas afirmativas e de inclusão que tivemos nos últimos anos. Qual é a força que uma secretaria vai ter para continuar essas políticas? As conferências de igualdade racial, de mulheres, de direitos humanos vão continuar?", questiona.

Ângela Guimarães que foi eleita neste domingo (12), presidenta da Unegro convocou toda a população para defender os direitos dos negros "nas ruas contra o golpe e por nenhum direito a menos” que acorrerá em 30 cidades brasileiras no próximo dia 26 de agosto. "É fundamental somar forças na luta contra o golpe e impedir qualquer retrocesso nos direitos da população negra; Incentivar e apoiar candidaturas negras e com plataforma antirracismo nas eleições 2016, fortalecendo a luta contra o genocídio da juventude negra", destacou Ângela ao Vermelho.