Ex-militar chileno é condenado pelo assassinato de Victor Jara

Depois de mais de 40 anos de luta por memória, verdade e justiça, as filhas e a viúva do cantor e compositor chileno Victor Jara encontram um alento para a família. O Tribunal federal de Orlando, nos Estados Unidos, determinou nesta segunda-feira (27) que o ex-militar Pedro Barrientos, naturalizado norte-americano, é o culpado por torturar e assassinar o artista. O caso foi investigado e processado no país onde o torturador vive desde a década de 90.

Victor Jara - Divulgação

A ação que começou em 2013, movida pela viúva, Joan Turner Jara e pelas duas filhas, Manuela Bunster e Amanda Jara, teve a sentença determinada nesta segunda-feira. O júri condenou o ex-militar a pagar uma indenização de 28 milhões de dólares (cerca de 95 milhões de reais) à família. O assassinato de Victor Jara é um dos mais marcantes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Para a viúva de Victor Jara, este é o começo de um processo de justiça para todas as famílias do Chile que esperam conhecer “o destino de seus seres queridos”.

Apesar da condenação, a justiça não conseguiu fazer com que Barrientos seja extraditado para prestar contas do crime ao tribunal do Chile. Depois de uma longa investigação, o juiz Miguel Vásquez concluiu que Victor Jara foi assassinado com “pelo menos 44 impactos de bala”. O ex-militar negou o crime em todo os momentos, outros sete oficiais participaram da tortura e do assassinato.

Um fator determinante para esta investigação foi o depoimento de José Paredes, que à época da ditadura militar de Pinochet prestava o serviço militar e aos 18 anos presenciou o assassinato. Em 2009 ele entregou à justiça um relato que serviu de base para o processo. “Eles [os oficiais da ditadura] o [Victor Jara] mantinham sentado, tinham umas camas de campanha, dessas usadas no Exército, o mantinham ali e batiam, batiam, batiam (…). E Barrientos lhe dá um tiro quase à queima-roupa”, contou.