Frente Polisario realiza congresso extraordinário e elege novo líder

A Frente Polisario realizou seu Congresso Extraordinário nesta sexta-feira (8) e sábado (9) no campo de refugiados de Dakhla, no sudoeste da Argélia. O Congresso, que acontece após o período oficial de luto pela perda do líder Mohamed Abdelaziz, em 31 de maio, elegeu um novo secretário-geral para a Frente e presidente para a República Árabe Saaraui Democrática: Brahim Ghali. 

RASD

No evento estiveram mais de 80 delegações internacionais. O Cebrapaz foi representado pelo dirigente do núcleo do Distrito Federal, Marcos Tenório.

Gali foi eleito com 93% dos votos de cerca de 2.500 delegados da Frente Polisario no Congresso. Antigo ministro da Defesa no período em que o povo saaraui travava uma brava luta armada contra a ocupação marroquina, suspendida em 1992 por um cessar-fogo, Ghali também já foi secretário-geral da Frente Polisario há mais de 40 anos, quando ela foi estabelecida.

“Brahim Ghali é um homem que garante a continuidade das atuais políticas, mas que também está disposto a mudá-las e a endurecê-las como exigem alguns jovens se a via diplomática continuar estagnada," afirma o diário El Confidencial Saharaui.

Os saarauis têm denunciado a continuidade e endurecimento das políticas da ocupação marroquina de perseguição e de estagnamento intencional das negociações para a realização de um referendo, acordado ainda em 1992. No referendo, os saarauis terão o seu direito à autodeterminação efetivado, mas o Reino do Marrocos recusa-se a realizá-lo, dificultando ainda os trabalhos da missão da ONU alocada para este fim, a MINURSO.

A Frente Polisario, recente e finalmente reconhecida pela ONU como a representante legítima do povo saaraui, reitera sua disposição para a diplomacia, mas afirma que defenderá seu direito a resistir inclusive através do retorno à luta armada, caso o Marrocos continue impedindo o avanço das tratativas e ocupando o território da República Árabe Saaraui Democrática (RASD).

A RASD foi declarada pelos saarauis no processo de retirada da potência colonial, a Espanha, em 1975, mas o Marrocos decidiu ocupar o Saara Ocidental com a cumplicidade espanhola. A República é hoje reconhecida por cerca de 80 países e organizações como o Cebrapaz defendem o seu reconhecimento pelo Brasil.

Marcos Tenório, que levou as saudações do Cebrapaz, disse no Congresso que "o povo saaraui, assim como o palestino, é um exemplo para o mundo. Seu amor à justiça e à liberdade, sua longa e incessante luta por soberania, sua firmeza na decisão de retomar o território que lhe foi roubado pelo reino feudal e colonialista do Marrocos, são modelos de resistência num mundo cada vez mais complexo, em que as necessidades humanas são substituídas pela lógica perversa do capital, à qual os seres humanos são submetidos."

Tenório também informou, em sua fala e em encontro com o novo presidente da RASD, sobre as atividades promovidas no Brasil, com eventos e posicionamentos na Câmara dos Deputados e no Senado pelo reconhecimento da RASD e ações de solidariedade dos brasileiros à luta do povo saaraui por autodeterminação e liberdade.