México: docentes e governo fecham acordo sobre reforma educacional

Integrantes da CNTE (Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação) do México e a Secretaria de Governo do país alcançaram, na noite desta segunda-feira (11), seu primeiro acordo para o conflito em torno da reforma educacional imposta pelo presidente Enrique Peña Nieto.

Professores e governo do México - Efe

Os professores mexicanos mantêm mobilizações há cerca de dois meses contra a reforma, reivindicando sua suspensão permanente, a construção de um modelo integral de educação e a reparação imediata dos prejuízos causados pelas mudanças. O aspecto mais criticado é a avaliação docente, que foi atrelada o aumento dos salários dos professores. Além de marchas e manifestações, os docentes realizam bloqueios de estradas em diferentes pontos do país. Em 19 de junho, durante ação da polícia para liberar uma pista no distrito de Nochixtlán, em Oaxaca, no sul, oito pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas.

Após quatro horas de encontro, foi decidido que serão instaladas três mesas de diálogo, em que serão discutidas questões políticas, educacionais e sociais levantadas pela reforma. A instalação da primeira delas, que tratará de aspectos políticos (como a revogação da reforma educacional e as prisões de líderes do movimento) deverá ocorrer nesta quarta-feira (13/07). Já a que vai tratar de questões educacionais (como mudanças no sistema de educação para incorporar propostas dos professores) será instalada em 19 de julho, enquanto a mesa para debater questões sociais iniciará no dia 21 deste mês.

Os professores reivindicam, junto ao governo federal, a suspensão permanente da reforma, a construção de um modelo integral de educação e a reparação imediata dos prejuízos causados pelas mudanças.

Ao final da reunião, o titular da Secretaria de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong, disse a jornalistas que a instalação das mesas ”tem um significado muito importante” para o país. “É um dia muito importante para o país, mas o faremos ainda mais importante ao conduzir diretamente as mesas”, declarou. As negociações continuarão sendo comandadas pelo secretário e, a pedido dos professores, a pasta de Educação Pública não será incorporada ao diálogo.

Por sua vez, um dos secretários-gerais da CNTE, Adelfo Alejando Gómez, disse que, a partir da reunião, o processo de mobilização dos professores mudou. “Em vez de diálogo, estamos em negociação, e nesse sentido talvez já estejamos no caminho de poder construir os acordos que desejamos”, indicou.

Gómez disse que será necessário esperar o resultado dos diálogos para determinar se haverá avanços na pauta exigida pelos trabalhadores. Além disso, afirmou que a instalação das mesas não significa o fim dos protestos em todo o país. “A mobilização continua, não muda nosso plano de ação, simplesmente damos a oportunidade para que a negociação fale agora por todo o movimento”, afirmou.