UBM: Luiza Bairros lutou pela emancipação das mulheres negras

A União Brasileira de Mulheres (UBM) emitiu uma nota lamentando o falecimento de Luiza Bairros. Famosa pelo histórico de engajamento, ela ocupou o cargo de Ministra da SEPPIR – Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, durante o período de 2011 a 2014. "Temos uma imensa gratidão pela sua contribuição na emancipação e empoderamento das Mulheres Negras, das mulheres de todas as etnias em sua ampla diversidade e pluralidade", afirma a nota.

UBM: Luiza Luiza Bairros lutou pela emancipação das mulheres negras

Confira a íntegra da nota:

A União Brasileira de Mulheres, lamenta o falecimento de Luiza Helena Bairros. Mulher, Negra, gaúcha, teve todo o seu histórico de militância negra e feminista construído na Bahia, onde tornou-se secretária de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI), em agosto de 2008.

Graduada em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luiza Bairros possuía doutorado em Sociologia pela Universidade de Michigan e mestrado em Ciências Sociais pela UFBA, com vários livros publicados sobre as lutas dos negros e das mulheres. Ela foi ainda consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para questões de gênero e raça, entre 2005 e 2007.

A convite da presidenta Dilma Rousseff, ocupou o cargo de Ministra da SEPPIR – Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, durante o período de 2011 a 2014, onde teve um papel fundamental na Gestão Pública com a criação do SINAPIR -Sistema Nacional de Políticas Públicas de Igualdade Racial, que tem como objetivo ações organizadas e articuladas voltadas para a implementação do conjunto de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades raciais existentes no País. Sistema este, previsto na Lei n. º 12.288, de 20 de julho de 2010 – Institui o Estatuto da Igualdade Racial , além da grande conquista em ações afirmativas com a Lei de Cotas no Serviço Público Federal sancionada pelo executivo.

Para o movimento feminista negro teve uma participação fundamental. Em 1985 o VIII Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe de países como Argentina, Estados Unidos, México, Peru, Colômbia, Venezuela, Brasil, Chile e Porto Rico, envolvendo líderes do movimento feminista internacional – em Bertioga, São Paulo foi reconhecida como uma das principais lideranças do movimento negro no Brasil. A socióloga Luiza Helena de Bairros, foi escolhida para falar em nome do coletivo feminino brasileiro, no encontro que teve como objetivo, debater as problemáticas e lutas específicas das mulheres negras destes países, marco internacional das lutas, resistência e organização destas mulheres, protagonizando a data do 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.

Sem dúvida alguma, nesta manhã o cenário político e os Movimento, Negro e de Mulheres, veem uma grande guerreira negra partir, deixando para nós um legado marcos da história antirracista e antimachista.

Luiza Bairros – “O poder é masculino e a sua própria definição é masculina. É preciso trabalhar a noção de poder junto com o conceito de mulher para levar ao empoderamento. O empoderamento é um processo, que só se realiza como algo que é coletivo. Não existem mulheres que em si mesmas são poderosas, mas que podem ocupar o poder na nossa perspectiva, no sentido de mudar a situação das outras mulheres. E quando eu faço isso enquanto mulher no poder, estou empoderando outras mulheres. Ocupar cargo não é a mesma coisa que exercer poder. Na medida em que tomamos como possibilidade essas definições e conceitos, redefinimos um pouco melhor o que quer significar quando diz que quer mais mulheres no poder. “ ( Entrevista: Reiko Miura, Comunicação FPA)

Nós do Movimento de Mulheres da União Brasileira de Mulheres temos, imensa gratidão pela sua contribuição na emancipação e empoderamento das Mulheres Negras, das mulheres de todas as etnias em sua ampla diversidade e pluralidade.