Deputados apresentam protetores de Cunha no Pódio da Cumplicidade

Em tempos de Olimpíadas, os deputados do Psol aproveitaram o mote para cobrarem a votação do pedido de cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na quarta-feira (3), com apresentação do “Pódio da Cumplicidade”, na modalidade “prote(la)ção”. Os “medalhistas” da categoria são o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente ilegítimo Michel Temer e “líderes omissos”. 

Deputados apresentam “Pódio da Cumplicidade” com “protetores” de Cunha - Ass. Dep. Chico Alencar

Segundo o líder do partido, responsável pela representação que pede a cassação do mandato de Cunha, já aprovada pelo Conselho de Ética, Ivan Valente (SP), ”há uma cumplicidade, um conluio, uma disputa para saber quem protege mais Eduardo Cunha”.

Para os parlamentares da bancada do Psol, Maia não se movimenta porque estaria sendo ameaçado por Cunha. Os deputados acusam Michel Temer e aliados de Cunha de trabalhar nos bastidores para que a cassação do peemedebista só seja votada depois do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff ou até mesmo depois das eleições municipais deste ano.

“Eles não querem a cassação de Eduardo Cunha agora porque ele pode abrir o jogo, ou seja, fazer uma delação premiada ou sair atirando. Isso pode atingir diretamente o coração do governo, o próprio presidente interino e vários líderes e parlamentares que foram sustentados por ele, financiados, cooptados ou intimidados por Eduardo Cunha”, disse Ivan Valente. “É insustentável, inaceitável essa situação de cinismo e cumplicidade”, completou.

Leitura do parecer

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia disse, esta semana, após pressões de parlamentares de vários outros partidos, como PCdoB, PT e Rede, que fará a leitura do parecer da cassação em plenário na próxima segunda-feira (8). Pelo regimento da Casa, uma vez lido o parecer, a cassação entra na pauta após 48 horas, abrindo a possibilidade de votação ainda na quarta-feira (10). Para a perda de mandato de Cunha ser aprovada são necessários pelos menos 257 votos.

O processo está pronto para decisão antes do recesso de julho e tramita na Casa desde novembro de 2015, tendo sido o mais longo da história da Câmara em função das diversas manobras protelatórias de Cunha, o que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir pelo afastamento dele do mandato.

Desde que foi eleito, Rodrigo Maia tenta se esquivar de definir a situação de Cunha, afirmando inicialmente que colocaria a cassação de Cunha em votação quando tivesse a “casa cheia”, com pelo menos 400 parlamentares em plenário. Depois, afirmou que a prioridade de votação da Câmara é o projeto da renegociação da dívida dos estados, adiado para a próxima semana, ainda sem data definida.