Conselho afirma que plano de saúde de Temer beneficiará empresários

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) os planos privados de saúde movimentaram no Brasil 180 bilhões de reais nos anos de 2015 e até este período de 2016. Nova medida de Temer, que criou grupo de trabalho para estudar planos de saúde "populares", vai beneficiar ainda mais o setor. A opinião é do Conselho Federal de Medicina, que divulgou nota sobre o assunto. “Esta proposta não trará solução para os problemas do SUS”, diz a nota. 

Fortalecer o SUS

Confira na íntegra a nota do CFM:

Brasília, 5 de agosto de 2016
 
Em relação à portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (5), que cria Grupo de Trabalho para discutir e elaborar o projeto de plano de saúde com caráter popular, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informa que:
 
A autorização da venda de “planos populares” apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar, setor que movimentou, em 2015 e em 2016, em torno de R$ 180 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
 
Se implementada, esta proposta não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), possivelmente sem a inclusão de doentes crônicos e idosos, resultando em planos limitados a consultas ambulatoriais e a exames subsidiários de menor complexidade. Portanto, não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS;
 
Propostas como a de criação de “planos populares de saúde” apropriam-se e distorcem legítimos desejos e anseios da sociedade;
 
Na expectativa de um novo governo e de uma nova cultura de proficiência, eficácia e probidade na Nação, a sociedade conta, na verdade, com a adoção de medidas estruturantes para o SUS, como: o fim do subfinanciamento; o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão; a criação de políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos; e o combate à corrupção.
 
Somente a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à rede pública condições de oferecer, de forma universal, o acesso à assistência segundo parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com pleno respeito à dignidade humana.
Conselho Federal de Medicina