Morre o militante político Carlito Ozório (1926-2016)

O militante político e escritor Carlito Ozório morreu na manhã desta segunda-feira (8), aos 89 anos, depois de passar meses internado. Ozório, nascido em Colatina (noroeste do Espírito Santo) em 1926, foi um dos principais expoentes políticos do Estado, passando pela perseguição e exílio durante o período da ditadura militar.

Carlito Ozório - Foto: Reprodução

Carlito perdeu cedo o pai e o padrasto e foi responsável por ajudar a criar os irmãos. Durante a juventude, Carlito chegou a morar no Rio de Janeiro, quase se tornando sargento do Exército. Ao voltar ao Estado, para gerenciar a fazenda do padrasto e, posteriormente, a cerâmica do avô, descobriu a própria vocação e seguiu para a militância política.

Ozório viveu por 11 anos na clandestinidade na Bahia e em São Paulo e, ainda assim, não deixou de atuar como revolucionário de retaguarda, coordenando e dirigindo o PCdoB com a cobertura aos “procurados” de outros estados, marcados para serem presos.

A trajetória de vida de Carlito Ozório é contada no livro "Amargo Doce – Memórias, Trincheiras e Política", lançado em 2011 pela editora Cousa. Nele, a partir do Rio Doce, Carlito narra sua própria história partindo do distrito de Itapina, passando pelos anos de clandestinidade na Bahia e em São Paulo, pela reabertura política, até a retomada da vida profissional e da produção literária.

No livro, Carlito relata que a política estava em seu sangue e na cabeça. Esta militância o fez ser intimado, em 1968, pelo serviço de informação e inteligência do 38° Batalhão de Infantaria de Vila Velha. Temendo ser preso e torturado, saiu do Estado enquanto ainda era servidor do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) – que virou Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e, posteriormente Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Depois de 11 anos no exílio voluntário e forçado, depois da decretação da anistia política requereu a reintegração ao INPS, que foi negada, sob alegação de abandono de emprego. Depois de quatro anos, conseguiu o retorno, com direto a aposentadoria por tempo de serviço ativo.

Carlito Ozório foi fundador também do Partido da Mobilização Nacional (PMN), ocupando a presidência estadual e vice-presidência nacional da sigla. Mas a cerca de dois anos retornou ao PCdoB.

Carlito deixa, além da saudade dos amigos e familiares, a mulher, Nayr filha, Carla Osório. Em relato publicado no Facebook, a filha lembra que foram muitos meses de luta com ele no hospital. “Agora ele está descansando, um descanso merecido”.

O enterro aconteceu nesta terça-feira (9) no cemitério Jardim da Paz, na Serra.