Trabalhadores da BR fazem greve para denunciar privatização 

Encerrou-se nesta sexta-feira (19) a greve de 5 dias realizada pelos trabalhadores da BR para alertar a população sobre a intenção do governo de Michel Temer de privatizar a distribuidora, que faz parte do sistema Petrobras. Em reação, os trabalhadores suspenderam ou atrasaram a distribuição de combustível em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Amazonas, Sergipe, Ceará e Rio Grande do Norte. O resultado foi considerado positivo.

Por Railídia Carvalho  

protesto dos trabalhadores da BR em Betim - MG - Divulgação Sitramico - MG

“A avaliação é de uma greve muito vitoriosa porque a pauta é uma pauta política. Não foi uma greve por campanha salarial”, analisou Leonardo Luiz Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sitramico-MG).

Para ele, privatizar as empresas do sistema Petrobras, BR, Liquigás e Transpetro significa enfraquecer a estatal. “É entregar para agentes privados o principal componente da matriz energética brasileira, que é o petróleo e seus derivados”, explicou.
Leonardo completou que junto com a privatização virá também a perda de empregos e de direitos que foram conquistados pelo trabalhador após décadas de luta.
A unidade operacional da BR fica na cidade de Betim. A carga e a distribuição foram paralisadas integralmente por três dias. 
As bases de Suape (PE), em Recife, Duque de Caxias (RJ) e Cubatão (SP) paralisaram integralmente desde a meia-noite de segunda-feira (15) até esta sexta-feira (19).
Resistir à privatização

Mesmo parcial, a greve na base de Guamaré, no Rio Grande do Norte, fez com que muitos postos de gasolina do estado ficassem sem combustível.
Segundo José Araújo, coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), a paralisação equivaleu a 450 mil litros de combustível retidos na base da BR a cada manhã.
“O mais importante é que mostrou pra sociedade que não estamos pra brincadeira. Estamos para resistir à privatização da Petrobras”, declarou o dirigente do Sindipetro.
Ele lembrou que o último movimento grevista da BR do Rio Grande do Norte havia acontecido em 88.
O atraso na distribuição afetou ainda o abastecimento do aeroporto internacional de Natal São Gonçalo do Amarante. A BR do RN atende todo o Estado e parte do Ceará e da Paraíba.
José Araújo explicou que a BR também regula o preço. “A venda da distribuidora quebra a integração do sistema Petrobras e pode acontecer o que aconteceu na Argentina em que a privatização aumentou em 12% o preço do combustível”, argumentou. 
48 horas em defesa da Petrobras

O dirigente do Sindipetro-RN adiantou para a reportagem do Portal Vermelho que está sendo preparada uma paralisação regional de 48 horas que vai atingir toda a produção de Petróleo na região.
Além da produção de petróleo em terra, o Rio Grande do Norte tem plataforma marítima, refinaria e bases da BR distribuidora e Transpetro, está última também está na mira da privatização do novo presidente da estatal Pedro Parente, conhecido como o ministro do apagão de Fernando Henrique Cardoso.
“Em Macau, Pendências, Alto do Rodrigues estamos conversando com os prefeitos para realizar um grande movimento em defesa da Petrobras. Serão 48 horas sem disponibilizar as instalações da Petrobras em uma ação com trabalhadores, as cidades e a comunidade”, informou.