Senador desmascara ex-auditor do TCU que ajudou golpistas

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) encurralou a testemunha de acusação contra a presidenta eleita Dilma Rousseff e desmascarou a parcialidade de Antônio Carlos D’Ávila Carvalho, ex-auditor  do Tribunal de Contas da União (TCU). O senador fez ele confessar  que ajudou na elaboração da representação contra a presidenta, a mesma que foi – "estranhamente" – parar nas mãos dele para ser julgada no TCU . 

Testemunha dos golpistas é desmascarada - Agência Senado

O que Randolfe revelou ao plenário do Senado, porém, é bem diferente: D’Ávila, encarregado de dar o parecer sobre a representação feita pelo procurador Júlio Marcelo, auxiliou a elaboração dessa mesma representação. Durante a oitiva da testemunha, no julgamento do impeachment, na noite desta quinta-feira (25), o senador pôs a nu a trama que levou à elaboração da peça construída pelo procurador do Ministério Público de Contas do TCU.

O advogado de defesa da presidenta eleita Dilma Rousseff declarou-se “estarrecido” com a conduta combinada dos dois servidores públicos. Afinal, o Ministério Público — que é parte no processo— pedir ajuda para elaborar uma peça justamente à autoridade que vai avaliar e dar parecer sobre essa peça “é o mesmo que um advogado pedir para um juiz que vai julgar um processo para ajudar na elaboração da petição inicial".

Ele destacou que a conduta de D’Ávila e Júlio Marcelo fere os artigos 5º, 13º e 14º do Código de Ética do Tribunal de Contas, além da ação de Júlio Marcelo estar em desacordo com a Lei 8.112, que rege o funcionalismo público. Ele solicitou ao ministro Lewandowski, em caráter de urgência, as atas e notas taquigráficas da sessão para tomar as providências disciplinares e tipificadas cabíveis.

“Juntos, eles formularam a tese das pedaladas, da operação de crédito que não houve. A tese fabricada para condenar Dilma. Formularam a fraude que colocou o Brasil em cheque”, denunciou.

Admissão de culpa

Confrontado pelo senador Randolfe, D’Ávila admitiu que Júlio Marcelo pediu seu auxílio na construção do que se transformou na principal peça de acusação contra a presidenta Dilma – a representação do TCU. “Conversei com ele, passei a ele alguns conceitos, Auxiliei sim”, confessou.

Ele auxiliou na elaboração de um processo que depois foi enviado justamente à área do TCU onde ele atuava. “Coincidentemente”, como anotou Randolfe, a representação caiu exatamente com D’Ávila para que ele desse o parecer.

“Embora o processo apresentado por Júlio Marcelo devesse ter sido distribuído para a Secretaria da Fazenda do TCU, estranhamente foi distribuído para a Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag) onde atuava quem? O doutor Antônio Carlos D’Ávila”, apontou Randolfe.

“A testemunha admitiu aqui que subsidiou a representação. A mesma que foi julgada por ele”!, prosseguiu o senador, surpreendendo os demais parlamentares. “A distribuição do processo no TCU foi feita para assegurar que a representação caísse justamente nas mãos de D’Ávila e não para a secretaria de origem”, concluiu.