A morte da heroína na Síria: para a mídia, era apenas bela

Esta semana vários meios de comunicação da mídia corporativa chamaram a atenção para a morte de uma soldado do Curdistão, marcada não pela sua coragem mas pela sua beleza. Inversão de valores que procura rebaixar a luta das mulheres curdas contra os terroristas do Estado Islâmico na região de Kobani, na Síria.

Asia Ramazan Antar

A notícia não foi confirmada. Porém, uma página do grupo no Facebook diz que a jovem de 22 anos, Asia Ramazan Antar, teria sido morta em combate nas proximidades da fronteira da Síria com a Turquia.

Asia, uma combatente do povo pechmerga, teria sido morta em combate durante uma batalha realizada nesta semana contra o grupo terrorista Estado Islâmico, segundo o jornal britânico The Daily Mail.

A jovem de 22 anos ganhou notoriedade e importância dentro da Unidade de Proteção Feminina, uma seção do YPG, a milícia separatista curda que age na Síria desde 2011, após participar de várias batalhas contra os terroristas patrocinados por Arábia Saudita, Catar e Estados Unidos, entre outras nações imperialistas. Sua morte não foi confirmada por outras fontes.

O batalhão feminino dos curdos conta com mais de dez mil mulheres soldados, que tiveram grande protagonismo na expulsão dos terroristas do EI e de outros grupos da regiões fronteiriças do norte da Síria com a Turquia.

O YPG foi fundado em 2004 pelo PYD (Partido da União Democrática), ligado ao PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), e iniciou sua ação armada durante a guerra civil síria em 2011.

No dia 19 de julho de 2012 conseguiu assaltar as forças regulares do exército sírio na região, tomando em seguida cinco aldeias ao redor de Kobani.

Considerado pelo governo sírio como um exército de terroristas, atualmente luta ao lado de Bashar al-Assad pela expulsão da região dos elementos ligados ao EI e à rede Al Qaida.

Um dos maiores destaques é a brigada de mulheres. A cada dia, novas combatentes se graduam e ingressam nas unidades do exército guerrilheiro, organizam com outras mulheres comitês de defesa e foram essenciais na luta contra o Estado Islâmico pela guarda e retomada de Kobani.

A cidade cai nas mãos dos terroristas em fins de 2014. Milhares de pessoas foram assassinadas e outras milhares de mulheres foram vendidas e escravizadas pelo EI, até a cidade ser retomada pelos curdos em meados de 2015.

Nesses combates, outra heroína curda lembrada por todos em Kobani é Arin Mirkan (Dilar Gencxemis), de 20 anos e mãe de duas crianças. No dia 5 de outubro de 2014, a comandante do YPJ se viu isolada e cercada por terroristas do EI e, quando sua munição acabou, para não se entregar aos verdugos que certamente a torturariam até a morte, a guerrilheira lançou mão do último recurso: envolvendo seu corpo com explosivos, Arin se sacrificou, levando consigo ao menos 23 terroristas.