Rubens Pereira Jr.: Que venha a boa política
A decisão da Câmara de cassar o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi justa e baseada em fatos. Ao contrário do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o ex-deputado carioca foi 'demitido' pelos colegas pelo que constava na representação do Conselho de Ética – não foi com base no 'conjunto da obra' do parlamentar nem pelas suas posições políticas. O mesmo não ocorreu com Dilma, condenada sem crime de responsabilidade, resultando em um golpe contra a democracia.
Rubens Pereira Júnior*
Publicado 20/09/2016 10:46
Fui um dos 450 votos a favor do relatório aprovado no Conselho, que pedia a pena máxima contra o deputado, após longos 11 meses de processo. Essa demora foi o único detalhe que impediu que déssemos, antes, um ponto final para o mandato de Cunha.
As provas existem e foram expostas nos últimos meses: extratos bancários, depoimentos de testemunhas e documentos do Ministério Público suíço, que comprovam que o parlamentar possui conta, patrimônio e bens no exterior não declarados à Receita Federal. Isso configurou falta de decoro parlamentar, visto que Cunha mentiu quando disse não possuir contas no exterior, durante depoimento em maio de 2015.
Espero que a cassação de Eduardo Cunha, com a consequente perda dos direitos políticos, represente um veto aos métodos de 'Vale tudo' que ele praticava. Passou pelas mãos desse deputado, inclusive, o boicote sofrido pelos projetos do Executivo entre janeiro de 2015 e maio desse ano. Com o poder que ele tinha sobre um grupo de parlamentares, o deputado recusou iniciativas de Dilma para combater a crise econômica.
Como representante eleito pelos maranhenses, espero que a saída desse parlamentar de cena seja um sinal contra a apropriação da política por interesses privados. Não queremos, por exemplo, que um servidor público eleito coloque sua atuação a serviço desta ou daquela empresa que o financiou.
Vivemos, então, um momento histórico. É em momentos assim que os nossos representantes mostram o caráter que têm. Por isso, devem explicações ao povo os 42 deputados que faltaram à votação, os 10 que votaram a favor de Cunha e os 9 que se abstiveram nesse julgamento.
Ao fim desse processo, esperamos que haja uma renovação da política. O exercício da política é, também, um serviço público. Eu, como deputado, também sou servidor e devo satisfações aos cidadãos do meu estado. E, a partir do diálogo, devo representar pensando na maioria, que mais precisa de quem se elegeu.
E que as eleições municipais venham a confirmar uma nova era de boa representação. Especialmente no Maranhão, em que as cidades têm agora a oportunidade de escolher prefeitos sintonizados com o espírito de mudança do Governo de Todos Nós.