Requião convoca América Latina e Europa a resistir ao neoliberalismo

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) participou nesta terça-feira (20) da 9ª Sessão Plenária da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (Eurolat), em Montevidéu, no Uruguai, onde convocou os países membros a se unirem numa luta sólida para derrotar o neoliberalismo porque esta é a única forma de garantir “a sobrevivência da própria humanidade”.

Roberto Requião - Agência Senado

Requião afirmou que as alternativas apresentadas pelo neoliberalismo para a crise mundial afastam ainda mais as possibilidades de retomada do desenvolvimento econômico e submetem os mais pobres – povos e nações – a sofrimentos ainda maiores dos que já lhes têm sido impostos.

“O desemprego atingiu níveis catastróficos em alguns países da Europa Ocidental, e, agora, também no Brasil. O Estado do Bem-Estar Social está sendo corroído velozmente pelas políticas neoliberais. Esse tipo de economia política nos faz pensar que a Europa, mãe de revoluções, está apenas dormindo, inconsciente de sua própria tragédia”, disse o senador.

Requião afirmou ainda que em razão da avareza do capital, o pacto social básico que possibilitou durante décadas a convivência do capitalismo com o Estado de Bem-Estar Social foi rompido, estabelecendo-se a hegemonia do deus Mamon, como diz o Papa Francisco.

Diante deste quadro de caos econômico e político, o senador acredita que corre-se o risco de um novo ciclo de convulsões sociais alimentado por uma luta de classes refundida, alastrando-se pelo mundo.

Já na América Latina, avaliou o senador, “a tragédia tem uma peculiaridade: a crise econômica toma logo formas políticas, e uma das indicações é fazer da crise um simulacro de razões legais para derrubar presidentes da República legitimamente eleitos”.

O senador acredita que as ameaças neoliberais colocam em risco “a própria paz”, portanto, cabe aos políticos comprometidos “assumir a responsabilidade de conhecer a natureza dessa crise e de reconhecer o imperativo inadiável de buscar saídas”.

“A crise pela qual passamos, América Latina e Europa Ocidental, tem uma dupla origem: a derrocada do capitalismo neoliberal, a partir de 2008; e a insistência dos países desenvolvidos em impor a si mesmos e a outros países economicamente fragilizados o credo neoliberal, para reescrever a história e atribuir a crise à falta de convicção dos governos anteriores a 2008 na aplicação das políticas fundamentalistas”, afirmou o senador.

Denunciou ainda que o governo dos Estados Unidos “não tomou o veneno que receitou para as nações europeias e sul-americanas, através do FMI e do Banco Mundial, do BID e da OCDE”.

Depois de apresentar este cenário de caos social, Requião conclamou os países a lutar pela derrota do neoliberalismo, porque só isso pode garantir “a sobrevivência da própria humanidade”. “O destino da humanidade não pode ser a guerra, a manipulação, a exploração e a miséria. Nosso destino deve ser a cooperação, a solidariedade, a fartura e a paz. Para isso é imprescindível rejeitar o neoliberalismo”.

O senador Roberto Requião é copresidente da Eurolat, representando a América Latina. A entidade reúne os Parlamentos Latino-americanos e o Parlamento Europeu. A abertura da Assembleia, contou com a presença do ex-presidente do Uruguai José Mujica. A assembleia da Eurolat estende-se até a próxima sexta-feira (23).