Em pleno desmonte, Petrobras vende gasodutos para canadenses

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou, nesta quinta (22), a venda de 90% da rede de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS) para o consórcio liderado pela canadense Brookfield Infrastructure Partners. O valor da venda é de US$ 5,19 bilhões. 

gasodutos

Enquanto o governo e entreguistas de plantão comemoram, o vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, lamenta mais esta iniciativa, que vai na direção do desmonte da companhia.

A NTS tem cerca de 2,5 mil quilômetros de gasodutos no Sudeste do Brasil. A primeira parcela do negócio corresponde a 84% do valtotal (US$ 4,34 bilhões), deverá ser paga no fechamento da operação e o restante (US$ 850 milhões), em cinco anos.

A venda representa cerca de 35% do Plano de Desinvestimento da Petrobras, que previa arrecadar US$ 15,1 bilhões com a entrega de ativos à iniciativa privada no período de 2015-2016.

O vice-presidente da Aepet, contudo, destaca que a malha de gasodutos constitui um monopólio natural, que está sendo entregue ao capital internacional.

“A venda da Nova Transportadora do Sudeste, recentemente efetivada para um grupo estrangeiro liderado pela Brookfield canadense, operação coordenada pelo banco Santander (pertencente ao dono da Shell e da BP),se mostra um desastre estratégico, já que uma malha de dutos constitui um monopólio natural e entregá-lo a uma empresa estrangeira é uma total irresponsabilidade ou possível má fé.”

Destacando que a queda do valor do dólar, de janeiro a agosto, resultou em um ganho superior a US$ 50 bilhões para a Petrobras, Siqueira questionou o que justificaria essa entrega criminosa do patrimônio nacional.

“[O presidente da Petrobras, Pedro] Parente acelera seu programa de desmonte da Petrobras, provável razão de ser da sua nomeação, continuando assim os estragos que produziu na empresa como presidente de seu Conselho de Administração no período de 1999 a 2003”, disse Siqueira.

Em texto publicado no site da Associação, ele afirmou que, com Parente no Conselho de Administração, 36% das ações da estatal foram vendidas por US$ 5 bilhões, enquanto a Aepet demonstrava que elas valiam US$ 100 bilhões.

Ele criticou ainda a Venda da BR Distribuidora e do campo de Carcará, que integram a política de desintegração do patrimônio nacional, promovida pela gestão de Temer e Parente. Para Siqueita, os ativos estão sendo repassados à iniciativa privada "a preço de banana".

“A BR é a joia da coroa, por ser uma geradora de fluxo de caixa positivo, que ajuda a Companhia nas suas operações. A empresa chegou a ser a maior distribuidora do Brasil exclusivamente por sua competência. Ela também recupera boa parte do lucro gerado pela manipulação da estrutura de preços por parte do cartel de distribuição. Isso incomoda as concorrentes”, disse vice-presidente da Aepet.

Sobre a venda do campo do pré-sal, ele declarou que é "bom lembrar que a alta produtividade desses campos fez com que o custo total de produção saísse de US$ 40 por barril, em 2013, para US$ 20 por barril, em 2016. Portanto, a venda de Carcará é mais uma grave lesão ao patrimônio do povo brasileiro”.

Siqueira citou ainda o projeto de autoria do então senador José Serra que tramita no Congresso e pretende flexibilizar a exigência de participação da Petrobras na exploração do pré-sal. “Se o presidente está vendendo um dos melhores campos da área, significa que, em sua gestão, a Petrobras não se interessará em participar de futuros leilões do pré-sal. Portanto, o projeto Serra entrega o pré-sal para o cartel internacional do petróleo, que conta com sua amiga Chevron.”

De acordo com ele, por essas e outras razões, a Aepet entrou com uma representação junto ao Ministério Público contra a permanência de Pedro Parente na direção da Companhia.