Manifestações tomam as ruas da Colômbia em defesa do Acordo de Paz

Há uma semana milhares de colombianos saem as ruas todos os dias, em diversas cidades do país, em defesa do Acordo de Paz firmado entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Depois de uma intensa campanha midiática em defesa da guerra fomentada pela direita, o acordo foi recusado em plebiscito, mas as imensas manifestações têm demonstrado que o resultado da votação condiz com a vontade popular.

Por Mariana Serafini

Manifestação na Colômbia - Presidência da Colômbia

Nesta quinta-feira (13) o presidente Juan Manuel Santos publicou uma série de imagens em sua página oficial no Facebook e agradeceu à população que sai às ruas em defesa da paz. “Obrigada, colombianos, por acreditarem na paz. Novamente a Praça Bolívar lotada para avançarmos em uma união nacional”.

Não só movimentos sociais, mas estudantes, camponeses, trabalhadores da cidade, idosos e crianças têm saído às ruas com flores brancas, velas e bandeiras da Colômbia. Eles pedem que o acordo de paz elaborado ao longo de 4 anos em Havana seja respeitado para dar fim aos 52 anos de conflito.

A direita, liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe fez uma campanha ferrenha contra o Acordo. Os dirigentes que defendem a guerra acusam as Farc de serem “terroristas” e ignoram o terrorismo de Estado e o paramilitarismo que deixou milhares de mortos ao longo das últimas cinco décadas.


Manifestantes em defesa do Acordo de Paz | Foto: Presidência da Colômbia 


As manifestações de rua não são uma prática comum na Colômbia. A última grande onda de mobilizações que tomou o país ocorreu nos anos 90. Mas agora as marchas crescem a cada dia. A primeira, realizada no dia 6 de outubro, deu início a uma onda nacional.

O porta-voz das Farc em Havana, Iván Márquez, enviou um comunicado onde afirma que diante do respaldo da população ao Acordo de Paz, a guerrilha não dará nenhum passo atrás rumo ao fim do conflito.

Uma corrida contra o tempo

Desde que o Acordo foi recusado no plebiscito, o governo e as Farc correm contra o tempo porque o cessar-fogo bilateral não poderá durar pra sempre se não for declarada a paz definitiva.

O Acordo recebeu respaldo da ONU e de dezenas de países soberanos que, inclusive, vão financiar o processo de transição das Farc à vida civil. Porém, com a recusa promovida pela direita, os recursos enviados por outros Estados foi congelado, investidores estrangeiros deixaram o país e o câmbio mudou drasticamente de forma a prejudicar a economia.

Com este cenário, as Farc não terão condições de se manter por muito tempo, nem o governo conseguirá controlar os paramilitares por isso cada dia é fundamental para dar fim a este dilema.
Os dirigentes das Farc pedem “sensatez” à oposição para que o Acordo seja implementado a fim de não causar mais prejuízos a todos os colombianos.