Votação da PEC 241 mobiliza novos protestos nesta terça no Brasil

A Frente Povo Sem Medo, com apoio de movimentos sociais e da Frente Brasil Popular, realiza nesta terça-feira (25) mais protestos pelo Brasil contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241. A iniciativa de Temer congela por 20 anos gastos da União com educação e saúde. Especialistas preveem o colapso dos serviços. Em São Paulo, Pernambuco e Ceará manifestantes denunciam os impactos da proposta, que poderá ser votada nesta terça em segundo turno na Câmara dos Deputados. 

Ato em São Paulo contra PEC 241 dia 17 de outubro - Mídia Ninja

A “PEC do fim do mundo” tem mobilizado protestos por todo o país e sem data para terminar. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais na sexta-feira (21) que haverá, nas próximas semanas, uma intensificação de ocupações pelo Brasil.

A declaração de Boulos, que também faz parte da Frente Povo Sem Medo, foi em solidariedade aos estudantes que ocupam mais de mil escolas pelo Brasil contra a Medida Provisória de Michel Temer que reforma o ensino médio. O repúdio à PEC 241 também é uma das marcas do movimento.

“O nosso maior gesto de apoio vai ser nas próximas semanas. [Vamos] fazer ocupações de terra em todos os cantos deste país.  Sem teto ocupando terra, estudante ocupando escola. A luta não para e só vai crescer. Temer, se você quer que desocupe as escolas revogue a MP”, avisou Boulos.

Violando a Constituição

Saúde, educação, ciência e tecnologia, infraestrutura. Todas essas áreas terão um teto mesmo que a arrecadação cresça. Setores do governo federal podem sofrer penalidades se ultrapassarem o teto. O salário mínimo deixará de ter a valorização concretizada nos últimos 12 anos.

A economista da Universidade de São Paulo Laura Carvalho, durante aula pública na capital paulista no sábado (24) questionou: “Mesmo que melhorar a economia, os gastos continuam congelados. E para onde vai todo esse superavit? Não se sabe”.

Na opinião do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, em entrevista ao portal da entidade, “a proposta é uma medida de rendição ao grande capital”. Para ele isso se comprova quando “o Estado, que deveria ter o papel indutor da economia, se torna refém dos interesses monopolistas do capital financeiro e especulativo. Basta ver quem lucra com essa PEC”.

Em caso de aprovação da PEC, Adilson vê um caminho aberto para agravar os ataques à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Por tabela vem o negociado sobre o legislado, a reforma trabalhista e previdenciária. E mais, com o contingenciamento, a saúde vai quebrar para atender aos interesses dos planos privados. As universidades públicas vão ser sucateadas para beneficiar as privadas. Estamos falando de um retrocesso secular caso seja aprovada a PEC”, enumerou.

Desde a manhã desta segunda-feira (24), movimentos sociais têm se mobilizado pelo país denunciando os prejuízos que a PEC 241 trará, entre eles, a ameaça ao direito à educação e à saúde. Para o final da tarde estão programadas mobilizações em Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Os professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também se somam aos protestos e paralisam as atividades nesta terça-feira, em protesto contra a PEC 241 que, segundo a categoria, representa um atraso nas conquistas populares como a ampliação das universidades. Na sexta-feira passada, a Associação dos Docentes da UFPE (ADUFEPE), emitiu nota na qual repudia o teto de gastos, classificado como “um ataque direto aos direitos constitucionais (adquiridos em anos de lutas) e ao cerne do papel social do Estado”.

Confira as cidades e locais dos protestos desta terça-feira

São Paulo (SP), a partir das 18h no Vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista

Recife (PE), a partir das 16h na Praça do Derby

Fortaleza (CE), a partir das 16h na praça da Gentilândia 


Por Railídia Carvalho