Justiça analisa fraude de R$ 1 bilhão ligada a Moreira Franco na Caixa

Ainda sem a "tão esperada" delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e denúncias envolvendo o braço direito de Michel Temer, o atual secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, reaparecem no noticiário desta quarta-feira (27). Dizem que Moreira Franco é um dos mais preocupados com a delação de Cunha, que antes de ser preso fez declarações sobre o envolvimento do braço direito de Temer em irregularidades.

Michel Temer, Moreira Franco, Eliseu Padilha

A informação sobre o desfalque na Caixa Econômica Federal foi publicada nesta quarta (27) no jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o noticiário, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro está investigando uma "falha" ocorrida no sistema de informática da Caixa que resultou “em um prejuízo de R$ 1 bilhão ao segundo maior banco público do país”.

Segundo a publicação, durante quase um ano, entre setembro de 2008 e agosto de 2009, a "falha" no sistema permitiu que corretoras comercializassem títulos “podres” (de difícil recebimento) assegurados pela Caixa por valores muito acima do mercado.

Reponsabilidade de Moreira Franco

Como consta, o setor no qual ocorreu o problema era de responsabilidade da vice-presidência de Loterias e Fundos de Governo, à época ocupada por Moreira Franco. Descoberto o problema, os compradores entraram na Justiça contra o banco para cobrar o prejuízo".

Em setembro, em entrevista ao Estadão, o então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sugeriu o envolvimento do peemedebista no caso ao levantar suspeita sobre a participação de Moreira Franco em desvios do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS).

“Na época do Moreira (na Caixa) foi divulgado que houve uma fraude de R$ 1 bilhão com títulos do Fundo de Compensação de Variação Salarial (FCVS). Uma parte foi vendida para a Postalis (fundo de previdência dos funcionários dos Correios). Isso deu um prejuízo para a Postalis que não tem tamanho”, disse Cunha.

Segundo a reportagem, o PMDB era responsável pela indicação do presidente do Postalis. À época, o presidente do fundo era Alexej Predtechensky, afilhado político do ex-ministro e hoje senador Edison Lobão (MA) e do ex-senador José Sarney (AP), ambos do PMDB.

Durante o “apagão” no sistema da Caixa, em março de 2009, boa parte dos créditos vendidos pela corretora Tetto foi adquirida pelo banqueiro Antonio José de Almeida Carneiro. Bode, como é conhecido, comprou os ativos por valores baixíssimos e, em novembro de 2009, repassou esses ativos para o Banco de Brasília por R$ 97 milhões. Após o problema ter sido corrigido, o banco percebeu que os papéis valiam muito menos. O caso está na Justiça.

Já o prejuízo causado à Caixa virou alvo de uma investigação no Ministério Público Federal do Distrito Federal. Entretanto, desde 2011 a investigação não avançou e, há cerca de dois meses, foi transferida para o Rio. De acordo com apuração informada pelo jornal, a investigação que trata de agentes privados envolvidos na fraude está em fase avançada.

O Ministério Público Federal do Rio já mapeou todos que comercializaram os títulos e as fraudes encontradas. Agora, a Procuradoria busca averiguar se houve algum tipo de influência política na “falha” ocorrida no sistema.

Antes de ser preso, o ex-deputado Cunha, que é acusado de receber propina para liberação de verbas de financiamento para as obras do Porto Maravilha, no Rio, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Moreira Franco foi quem montou a operação sob suspeita quando era vice-presidente da Caixa Econômica Federal.

"Gato angorá"

Wellington Moreira Franco é um político apelidado por Leonal Brizola como "gato angorá", derivado daquele que passa de “colo em colo”. Moreira Franco integrou todos os governos de FHC, Lula, Dilma e Temer. Foi governador do Rio de Janeiro, deputado federal por duas vezes pelo mesmo estado e ex-ministro. Atualmente ele é responsável por um dos principais programas de Michel Temer para atrair investimentos nacionais e estrangeiros para a área de infraestrutura, de concessões e privatizações, o "Programa Crescer".