Comunistas debatem crise do capitalismo no Vietnã

Começou nesta sexta-feira (28), na cidade de Hanói, capital do Vietnã, o 18º Encontro de Partidos Comunistas e Operários. É a primeira vez que um país socialista sedia este encontro.

Por Gaio Doria, de Hanói para o Resistência

Encontro de Partidos Comunistas e Operários em Hanói

O evento, este ano organizado pelo Partido Comunista do Vietnã, terá a duração de três dias e conta com a presença de 59 partidos representados por 108 delegados. Também estão presentes todos os demais partidos dos países socialistas, nomeadamente Cuba, China, Coreia Popular e Laos.

O tema do encontro é “a crise capitalista e a ofensiva imperialista – estratégias e táticas dos partidos comunistas e operários na luta pela paz, pelos direitos dos povos e dos trabalhadores e pelo socialismo”.

No primeiro dia, a maioria dos partidos realizou sua intervenção, expressando suas perspectivas teórico-práticas sobre o tema em questão. Especial destaque para o camarada Hoang Binh Quan, presidente da comissão para relações exteriores e membro do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã que – sendo o primeiro a falar – realizou uma breve síntese do desenvolvimento recente do socialismo no Vietnã.

O camarada Quan ressaltou que o Vietnã, após a derrota do imperialismo estadunidense, enfrentou algumas dificuldades, como o colapso do bloco socialista e os conflitos fronteiriços, mas que o país conseguiu deslanchar com a adoção de uma economia de mercado orientada pelo socialismo.

Este tipo de economia, caracterizado pela liderança do PCV, pela combinação do mecanismo de mercado com o planejamento macroeconômico, pela predominância da propriedade pública e pela promoção da igualdade econômica, elevou as condições de vida do povo vietnamita a patamares inéditos na história do Vietnã. No campo das relações internacionais, o país do sudeste asiático optou por uma política externa independente e multilateral.

As falas dos partidos presentes convergiram no fato de que o capitalismo não está interessado em remediar as vicissitudes geradas por sua crise recente, ao contrário, busca sua recuperação no massacre dos direitos dos trabalhadores e dos povos.

No bojo desta conclusão, o camarada José Reinaldo, secretário de política e relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), descreveu em sua intervenção (leia aqui a íntegra) como esta lógica está se estendendo na América Latina, em especial, no caso brasileiro.

O golpe de Estado consumado no dia 31 de agosto, reacendeu o velho projeto neoliberal das elites brasileiras que buscam solapar os direitos dos trabalhadores para manter seus privilégios. Não satisfeitas em destruir os avanços conquistados na última década no cenário nacional, também buscam desmontar todas as iniciativas de integração regional e reforma do sistema de governança internacional colocadas em práticas durante a era Lula-Dilma.

Os Partidos comunistas e operários que participam do encontro estão elaborando em conjunto um apelo para ser aprovado na plenária final. Este documento servirá como um ponto de partida teórico para o fortalecimento da unidade do movimento comunista internacional.

As delegações latino-americanas presentes – Argentina, Brasil, Cuba, Chile, Equador, Guiana, Venezuela – também estão preparando uma resolução a respeito da atual ofensiva imperialista e a ascensão conservadora na América Latina.