Sob Temer, gastos com cartão corporativo somam mais de R$ 29 mi
Apesar da crise e do discurso de austeridade do presidente Michel Temer (PMDB), as despesas do governo federal com cartões corporativos cresceram nos últimos meses. Desde que o peemedebista chegou ao Planalto, o Executivo federal já gastou mais de R$ 29 milhões com os cartões, revela reportagem da CBN.
Publicado 07/11/2016 18:48
O governo havia interrompido a divulgação dos valores gastos com os cartões corporativos há quatro meses. Uma semana depois de a CBN ter questionado a ausência de dados, o Portal da Transparência publicou as informações, que apontam uma elevação dos gastos a partir da gestão Temer.
As despesas entre julho e 4 de novembro somam mais de R$ 24 milhões, o que ultrapassa o total gasto em todo o primeiro semestre de 2016, que foi de R$ 22 milhões. Nos primeiros quatro dias de novembro, já foram gastos mais de R$ 3,7 milhões.
Sob o discurso da austeridade fiscal, o governo tem insistido na necessidade de cortar gastos. Mas só propõe reduzir as despesas que atingem em cheio os trabalhadores, preservando privilégios que beneficiam, por exemplo, empresários e rentistas.
Nesse sentido, a gestão que apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para limitar os gastos públicos, pelo visto, também não pretende cortar na própria carne. As despesas em cartões corporativos, tão criticadas quando Dilma Rousseff era presidenta, continuaram a acontecer – agora, sem questionamentos.
Segundo a CBN, o órgão do governo federal que mais gastou com os cartões corporativos foi a própria Presidência da República – com R$ 12 milhões, cerca de 40% do total gasto. Em seguida, aparece o Ministério da Justiça – onde as despesas somaram R$ 11 milhões.
Para que foram usados os recursos é um mistério, pois esta informação está sob sigilo. Desde o início do governo Temer, 48% de todas as despesas com o cartão corporativo não são descritas porque estão classificadas como sigilosas.
O cartão de crédito corporativo foi criado para que gestores de órgãos do governo pudessem pagar pequenas despesas sem precisar de licitação. Funciona como um cartão de crédito e permite, também, a realização de saques em dinheiro. São usados no serviço público para despesas como compra de materiais, prestação de serviços e abastecimento de veículos oficiais e pagamento de viagens, por exemplo.