Chico Lopes: "Com Trump, EUA arranjaram um Temer para chamar de seu"

"Elegendo Donald Trump, os Estados Unidos arranjaram um Temer pra chamar de seu". A afirmação é do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), para quem o resultado das eleições norte-americanas coloca o mundo em tensão e alerta, mas não chegou a ser uma surpresa, apesar dos prognósticos da imprensa favoráveis a Hillary Clinton.

Trump máscara

"Não bastasse um golpista e conspirador ocupando a presidência do Brasil, agora temos um bilionário inconsequente na presidência dos Estados Unidos. Esse resultado pode ter surpreendido algumas pessoas, mas nós sempre alertamos que o machismo nos Estados Unidos é algo muito forte. Infelizmente, o pior aconteceu", avalia Chico Lopes.

Para o parlamentar, a vitória de Trump, apesar de todas as polêmicas, frases infelizes e demonstrações explícitas de preconceito, xenofobia, discriminação, intolerância e prepotência, registradas ao longo de uma campanha de baixíssimo nível, espelha a realidade de pensamento de grande parte da população norte-americana e o fortalecimento do conservadorismo em nível internacional.

"Infelizmente, esse é o cenário. Os Estados Unidos invadem outros países, e não se vê muito protesto internamente. Eles vivem muito bem à custa de intervenção em outros países, como a que está acontecendo no Brasil agora, com o golpe tendo sido viabilizado sob forte influência dos Estados Unidos, com gente daqui viajando toda hora para lá, sem pedir segredo", relaciona.

Perigo em nível global

"Agora, enquanto lutamos pelo 'Fora Temer", pela defesa dos direitos sociais e pela retomada da democracia no Brasil, vamos ver quais serão as consequências dessa eleição norte-americana para o Brasil, a América Latina, o mundo. Todo mundo que acompanha a política sabe que ele é um presidente perigoso para os países emergentes, e até para os de primeiro mundo, porque a política externa dele vai ser nessa linha de tentar intervir na política interna dos países", acrescenta Chico Lopes, apontando que o fortalecimento da direita e dos setores ultraconservadores se dá em nível global.

"Ou se articula uma ação conjunta das forças democráticas e progressistas, também em nível internacional, para fazer frente a esse avanço conservador, ou a coisa vai ser cada vez mais difícil nos próximos anos, inclusive para o Brasil e os demais países do Brics", alerta o deputado cearense.