Correios querem reduzir o já deficitário quadro de funcionários

Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Guilherme Campos, anunciou nesta quinta (10) um plano de demissão voluntária (PDV) que deve atingir entre 6 e 8 mil empregados. Não há previsão de realização de concurso para preencher as vagas, a ideia é justamente reduzir o quadro de pessoal. Segundo o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos de São Paulo (Sintect/SP), Vagner Nascimento (Guiné), a decisão irá agravar o já existente déficit de funcionários.

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A expectativa da empresa é economizar entre R$ 850 milhões e R$ 1 bilhão por ano com o PDV. De acordo com o presidente dos Correios, o impacto será maior em setores administrativos e deverá ser compensado com realocação de funcionários, automatização de processos e tecnologia da informação.

As indenizações não serão pagas de uma tacada só e precisarão ser parceladas ao longo de dez anos, disse Campos. O plano é voltado a funcionários com mais de 55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentadoria.

A empresa tem pouco mais de 117 mil funcionários e em torno de 13 a 14 mil estariam elegíveis para o assinar o termo. O presidente da estatal afirmou que a principal despesa operacional da empresa são justamente os salários. "Equivale a dois terços dos custos", afirmou, completando que, se não houver as adesões esperadas, medidas "mais duras" terão que ser tomadas.

Sucateamento 

A falta de perspectiva de novos concursos preocupa os trabalhadores dos Correios. De acordo com o tesoureiro do sindicato da categoria em São Paulo, Vagner Nascimento, em um momento no qual aumenta a demanda pelos serviços dos Correios, o número de funcionários só faz cair. Segundo ele, a última vez que os Correios fizeram novas contratações foi em 2011.

“Desde então, muitos trabalhadores se aposentaram, outros morreram, pediram demissão. Estamos com uma defasagem grande. Porque a população está crescendo, a demanda também cresceu, especialmente com as encomendas eletrônicas. Hoje praticamente só quem entrega essas encomendas são os correios, porque as outras empresas não têm infraestrutura para ir às periferias”, afirma. Estima-se que há uma carência de cerca de 20 mil profissionais em todo o país.

Para Nascimento, a categoria vive uma “situação de calamidade histórica”, que só deverá piorar se a direção da estatal resolver não preencher as vagas que serão abertas pelo plano de demissão voluntária. O sindicalista destaca que os trabalhadores já estão sobrecarregados e que muitas vezes os Correios têm recorrido a empresas terceirizadas, para dar conta do serviço. Ele aponta a ilegalidade dessa terceirização, que na prática significa precarização do trabalho na estatal.

“Ao fazer o plano de demissão voluntária e não contratar gente para substituir, você está sucateando a empresa”, denuncia o tesoureiro. Embora o presidente da estatal tenha assegurado aos trabalhadores que não deverá haver privatização nos Correios, os trabalhadores creem que é preciso estar alerta.

"Não quer dizer que há garantia total contra a privatização da empresa. Por isso o Sindicato e a categoria continuam na batalha para coibir qualquer iniciativa nesse sentido", diz informativo do Sintect/SP.